A Poliangeíte Microscópica (PAM) é uma doença rara, autoimune e potencialmente grave que afeta pequenos vasos sanguíneos em várias partes do corpo.
Classificada no grupo das vasculites associadas ao ANCA, seu código na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) é M31.7.
O principal mecanismo da PAM é a inflamação vascular, que pode levar ao dano tecidual em órgãos vitais, como os rins e os pulmões.
O que causa a Poliangeíte Microscópica?
A causa exata da PAM ainda não é completamente compreendida. No entanto, acredita-se que a doença seja desencadeada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
O sistema imunológico de pessoas com PAM ataca erroneamente os vasos sanguíneos do próprio corpo, causando inflamação. Possíveis fatores desencadeantes incluem:
- Predisposição genética: algumas variações genéticas podem aumentar o risco de desenvolver a PAM.
- Infecções: algumas infecções virais ou bacterianas podem desencadear uma resposta imunológica anormal.
- Exposição ambiental: substâncias químicas ou medicamentos podem agir como gatilhos para a doença em indivíduos suscetíveis.
Quais são os sintomas?
A Poliangeíte Microscópica pode afetar qualquer órgão do corpo, mas os rins e os pulmões são os mais comumente envolvidos. Os sintomas variam dependendo dos órgãos acometidos, mas podem incluir:
- Cansaço extremo
- Febre
- Perda de peso involuntária
- Dor muscular e articular
- Tosse com sangue (hemoptise), indicando possível hemorragia nos pulmões
- Falta de ar (inflamação dos pulmões)
- Inchaço nos membros devido a problemas renais
- Urina escura ou com sangue, sugerindo glomerulonefrite
- Manchas roxas na pele ou outros sinais de vasculite cutânea
A PAM pode afetar indivíduos de qualquer idade, mas é mais comum em adultos de meia-idade e idosos, geralmente entre os 50 e 70 anos. Não há preferência por sexo, embora ligeiramente mais casos sejam relatados em homens.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da PAM pode ser desafiador, pois seus sintomas são semelhantes aos de outras condições. Uma avaliação detalhada é necessária, incluindo:
- Histórico clínico e exame físico: identificar sinais de vasculite e comprometimento de órgãos.
- Exames laboratoriais:
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- Os anticorpos contra citoplasma de neutrófilos (ANCA) são marcadores importantes. Muitos pacientes com PAM apresentam ANCA positivo, mais comumente o subtipo p-ANCA. O anti MPO também pode ser encontrado.
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- Outros exames podem mostrar anormalidades nos rins, como altos níveis de creatinina e presença de proteínas ou sangue na urina.
- Exames de imagem: radiografias ou tomografias computadorizadas podem revelar lesões pulmonares.
- Biópsia: o exame de um fragmento de tecido, como o rim ou a pele, pode confirmar a presença de vasculite e diferenciar a PAM de outras doenças.
O diagnóstico precoce é essencial para iniciar o tratamento rapidamente e prevenir danos irreversíveis.
Como é tratado?
O tratamento da Poliangeíte Microscópica tem como objetivo controlar a inflamação, minimizar danos às áreas afetadas e prevenir recaídas. Ele é geralmente dividido em duas fases:
1. Indução da remissão
- Medicamentos imunossupressores, como ciclofosfamida ou rituximabe, são usados para suprimir a resposta autoimune.
- Corticoides, como prednisona ou metilprednisolona a, ajudam a reduzir a inflamação rapidamente.
2. Manutenção da remissão
- Medicamentos como azatioprina ou metotrexato são usados para manter a doença sob controle a longo prazo.
Outras terapias podem ser necessárias dependendo do órgão envolvido, como diálise em casos graves de insuficiência renal. O tratamento também inclui o manejo de complicações e a prevenção de infecções, que podem ser agravadas pelos medicamentos imunossupressores.
A PAM pode ser fatal?
Sim, a Poliangeíte Microscópica é uma doença grave e pode ser fatal se não tratada. A inflamação dos vasos sanguíneos pode causar danos permanentes a órgãos vitais como os rins e os pulmões, levando a insuficiência renal, hemorragias pulmonares ou outras complicações fatais.
Existe cura?
Embora não haja uma cura definitiva, a PAM pode ser controlada com o tratamento adequado. Muitos pacientes entram em remissão, ou seja, um estado em que os sintomas desaparecem ou são significativamente reduzidos. No entanto, a doença pode reaparecer, e o acompanhamento médico regular é essencial para monitorar sinais de recaída.
Conclusão
A Poliangeíte Microscópica é uma doença rara, mas séria, que exige diagnóstico e tratamento precoces para evitar complicações graves.
Graças aos avanços na medicina, muitas pessoas com PAM conseguem levar uma vida normal, desde que sigam o tratamento e realizem acompanhamento regular.
Se você ou um ente querido apresentar sintomas suspeitos, procure um reumatologista para uma avaliação detalhada. A detecção precoce faz toda a diferença no prognóstico dessa condição.