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Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Arterite de Takayasu

A arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite granulomatosa crônica, que afeta os grandes vasos, principalmente a aorta e seus ramos principais. Acomete principalmente mulheres jovens, em uma proporção de 9 mulheres para 1 homem. A doença tem início, geralmente, entre a 2ª e a 3ª décadas de vida.

Causas

A causa da AT é desconhecida. A maior frequência dessa condição em algumas populações sugere a participação de fatores genéticos de suscetibilidade à doença. 

Ocorre uma reação autoimune direcionada à parede do vaso, causando inflamação, espessamento, estenose arterial e oclusão com isquemia dos tecidos irrigados pela artéria acometida. 

Sintomas/manifestações clínicas

O início dos sintomas na arterite de Takayasu tende a ser subagudo, o que geralmente leva a um atraso no diagnóstico que pode variar de meses a anos, período durante o qual a doença vascular pode começar e progredir para se tornar sintomática.

Muitos pacientes apresentam sintomas sistêmicos como perda de peso, fadiga, mal-estar geral, sudorese noturna, febre, artralgia e mialgia. Sensibilidade de uma artéria carótida (carotidínia) é observada em 10% a 30% dos pacientes na apresentação.

Os sintomas vasculares são comuns e dependem do vaso acometido. A aorta é o vaso mais frequentemente acometido, seguido pelas subclávias, carótidas comuns e artérias renais. A manifestação clínica mais importante é a identificação de pulsos periféricos diminuídos ou ausentes, que podem estar associados a sintomas como claudicação intermitente e a diferença de pressão arterial entre os membros, além de hipertensão arterial.

Cerca de 50% dos pacientes podem apresentar manifestações neurológicas, como cefaleia, vertigem, convulsões e acidentes vasculares cerebrais. 

Dentre as complicações graves provocadas pelo acometimento vascular, perda visual, insuficiência renal, hipertensão arterial de difícil controle, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca congestiva são os principais. 

A doença é caracterizada por períodos de recidiva e remissão.

Exames

Não existem exames laboratoriais específicos para o diagnóstico e acompanhamento da arterite de Takayasu. A velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C reativa (PCR) são indicados para acompanhamento da atividade de doença, embora sejam pouco sensíveis e pouco específicos. 

Os  estudos de imagem são essenciais para estabelecer o diagnóstico de AT e para determinar a extensão do envolvimento vascular. Os principais exames utilizados para o diagnóstico e acompanhamento do paciente com AT são a angiorressonância e a angiotomografia. O ultrassom com Doppler colorido é um método sensível para diagnóstico e possui preço mais acessível. A tomografia por emissão de pósitrons (PET), tem sido utilizada para acompanhamento desta vasculite. 

Diagnóstico

O diagnóstico da arterite de Takayasu baseia-se no quadro clínico sugestivo e na presença de lesões na aorta e em seus ramos, como hipertrofia concêntrica da parede arterial, estenose, oclusão, dilatação ou aneurisma, excluindo-se outras causas de acometimento vascular. 

Ao longo dos anos, alguns critérios classificatórios foram desenvolvidos, baseados nos sintomas sistêmicos e nas alterações vasculares. 

Os critérios do Colégio Americano de Reumatologia de 1990 têm boa sensibilidade e especificidade, sendo necessária a presença de pelo menos 3 dos 6 critérios para classificação adequada (Quadro 1):

Quadro 1: Critérios de Classificação do Colégio Americano de Reumatologia para arterite de Takayasu (1990)

Idade de início < 40 anos
Claudicação de extremidades
Diminuição do pulso da artéria braquial
Diferença de pressão arterial > 10mmHg nos membros superiores
Sopro na artéria subclávia ou na aorta

Alterações ecográficas típicas

O diagnóstico diferencial com aterosclerose é sempre um desafio. Entretanto, as diferenças epidemiológicas como a faixa etária, a presença de fatores de risco associado à ausência de sintomas sistêmicos, auxiliam na definição. Outro diagnóstico diferencial importante é a arterite de células gigantes, vasculite abordado em um tópico à parte. 

Tratamento

Nos pacientes com doença em atividade, os glicocorticoides permanecem como terapia de primeira linha. Prednisona em altas doses com desmame progressivo é a primeira linha de tratamento. 

Baseado na frequência de recidivas durante a redução dos corticoides, os agentes imunossupressores devem ser incluídos: azatioprina, micofenolato de mofetila e ciclofosfamida são os principais. 

Recentemente, os agentes biológicos como os antagonistas do TNF-alfa, o tocilizumabe e o rituximabe têm sido indicados, com boa resposta para os casos graves ou refratários. 

Para mais informações, entre em contato conosco.

CID: M31.4

Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019

Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019

Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição

UpToDate 2021

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso a cerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241