Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso a cerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara.
CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241
A artrite idiopática juvenil (AIJ) denomina um grupo de doenças distintas que ocorre em crianças com menos de 16 anos e se manifesta, principalmente, por artrite persistente durante seis ou mais semanas, descartadas outras doenças.
Nos países desenvolvidos, a AIJ é a doença reumática mais comum na infância e uma das doenças crônicas mais frequentes nessa faixa etária. Há uma ligeira predominância no sexo feminino.
O diagnóstico da AIJ é feito através de uma história clínica e exame físico compatíveis, associado a alterações laboratoriais e nos exames de imagem.
Pode haver anemia, leucocitose com neutrofilia, aumento de provas inflamatórias, além da positividade de autoanticorpos. A radiografia simples, o ultrassom e a ressonância magnética são os métodos de imagem mais amplamente utilizados.
As artrites crônicas da infância compreendem uma área de estudo e investigação complexa. A artrite idiopática juvenil é classificada em sete categorias, que são definidas pelo modo de início e por sua evolução nos seis primeiros meses da doença.
1. AIJ SISTÊMICA: Também chamada de doença de Still. As crianças apresentam-se sistematicamente doentes, com fadiga, anemia, febre, emagrecimento, mialgia. A febre é vespertina, intermitente, geralmente acompanhada de rash cutâneo maculopapular ou macular, rosa salmão, evanescente e raramente pruriginoso.
Pode haver ainda hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia generalizada, pericardite e dor abdominal. Há acentuado aumento das provas inflamatórias (VHS, PCR, ferritina) e leucocitose com neutrofilia.
Cerca de 40% recuperam-se totalmente, mas uma parcela pode evoluir com doença poliarticular. A complicação mais temida é a síndrome de ativação macrofágica (SAM), que pode ser fatal.
2. AIJ POLIARTICULAR: Definido pelo comprometimento de cinco ou mais articulações nos primeiros seis meses da doença. É subdividida em:
3. AIJ OLIGOARTICULAR: Definida pelo comprometimento em menos de 4 articulações nos primeiros seis meses de doença. Apresenta-se como artrite assimétrica, mais em membros inferiores, com frequente acometimento de joelhos e tornozelos. As crianças não se apresentam sistemicamente doentes. Também pode ocorrer uveíte anterior crônica oligossintomática, associada a FAN positivo.
4. ARTRITE RELACIONADA A ENTESITE: Acomete principalmente crianças do sexo masculino. Caracteriza-se pela presença de inflamação das enteses, especialmente na inserção do tendão de Aquiles. Em alguns casos progride para o acometimento das articulações sacroiliacas e articulações da coluna vertebral. O HLA B27 está presente em 90% das crianças.
5. ARTRITE PSORIÁSICA JUVENIL: Configura-se pela presença de artrite e psoríase ou artrite associada a ≥ 2 dos demais: psoríase em parente de 1º grau, dactilite ou alterações ungueais (pitting ou onicólise). Pode acometer pequenas ou grandes articulações.
6. ARTRITE INDIFERENCIADA: Não representa uma classificação em separado, mas inclui aquelas crianças que não preencheram critérios para uma das categorias anteriores, ou que preenchem critérios para mais de uma categoria.
O diagnóstico da AIJ é feito através de uma história clínica e exame físico compatíveis, associado a alterações laboratoriais e nos exames de imagem.
Pode haver anemia, leucocitose com neutrofilia, aumento de provas inflamatórias, além da positividade de autoanticorpos. A radiografia simples, o ultrassom e a ressonância magnética são os métodos de imagem mais amplamente utilizados.
A artrite idiopática juvenil é uma doença crônica e que não apresenta cura. O objetivo do tratamento baseia-se na remissão total da doença, prevenção de sequelas e melhora da qualidade de vida. Para isso, é importante o acompanhamento regular com o reumatologista, uso de medicamentos, terapia física (principalmente fisioterapia e terapia ocupacional) e ocupacional e também o suporte psicológico da criança.
Em relação à terapia medicamentosa, o esquema de tratamento deve ser individualizado, levando em consideração o quadro clínico de cada paciente. Pode-se fazer uso de antiinflamatórios não-esteroidais, corticosteróides, imunossupressores e imunobiológicos.
CID: M 08.0; M 08.1; M 08.2; M 08.3
Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019
Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019
Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição
UpToDate 2021