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Dra. Marcella Mello Reumatologista
Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Artrite Psoriásica

A Artrite Psoriásica (APs) é uma doença inflamatória associada à psoríase que acomete as articulações, podendo afetar homens e mulheres de forma igual. Em cerca de 75% dos casos, os sintomas articulares surgem após as lesões de pele, mas em até 10% dos pacientes, eles podem preceder as manifestações cutâneas.

A APs pertence ao grupo das espondiloartrites, caracterizadas por acometimento inflamatório das articulações axiais e periféricas, inflamação em ênteses (regiões onde tendões e ligamentos se inserem nos ossos) e associação com o marcador genético HLA-B27.

Causas

As causas exatas da psoríase e da artrite psoriásica (APs) ainda não são totalmente compreendidas. No entanto, as evidências sugerem que uma combinação de fatores genéticos e ambientais pode desencadear processos inflamatórios em diferentes vias do sistema imunológico.

A APs apresenta uma forte ligação com histórico familiar, sendo a predisposição genética um fator de risco significativo para o desenvolvimento da doença.

Alguns fatores aumentam o risco de um paciente com psoríase desenvolver APs, como o acometimento do couro cabeludo, da região do sulco interglúteo e das unhas.

Sintomas e manifestações clínicas

A Artrite Psoriásica (APs) causa dor e rigidez nas articulações afetadas, geralmente com distribuição assimétrica. Cerca de 15% dos pacientes podem apresentar psoríase detectada durante o exame clínico, mesmo sem relato prévio de lesões cutâneas.

A APs pode acometer articulações periféricas, axiais ou ambas. Os padrões mais frequentes incluem:

  • Poliartrite (múltiplas articulações)
  • Oligoartrite (poucas articulações)

Outros padrões menos comuns, mas característicos da APs, também podem ocorrer. É possível que um paciente apresente mais de um padrão ao mesmo tempo ou que o padrão de envolvimento mude durante o acompanhamento.

Além disso, manifestações como entesite (inflamação nas inserções de tendões ou ligamentos nos ossos), tenossinovite (inflamação dos tendões) e dactilite (dedos inchados e dolorosos, em forma de “salsicha”) são frequentemente observadas, variando de forma significativa entre os pacientes.

Fotografia do pé de um paciente com artrite psoriásica com acometimento ungueal (onicólise), inchaço de todo o segundo dedo do pé (dactilite) e algumas lesões cutâneas psoriásicas. Fonte: Uptodate
Fotografia do pé de um paciente com artrite psoriásica com acometimento ungueal (onicólise), inchaço de todo o segundo dedo do pé (dactilite) e algumas lesões cutâneas psoriásicas. (Fonte: Uptodate)

Principais padrões de Artrite Psoriásica

1. Artrite distal: envolve as articulações interfalangianas distais, geralmente acompanhada de alterações ungueais, como onicólise. Pode incluir acometimento das articulações distais no terceiro e quinto dedos.

Artrite psoriásica com envolvimento da articulação distal no terceiro e quinto dedos (seta). A onicólise também é observada na maioria das unhas. Fonte: Uptodate 2021
Artrite psoriásica com envolvimento da articulação distal no terceiro e quinto dedos (seta). A onicólise também é observada na maioria das unhas. (Fonte: Uptodate 2021)

2. Oligoartrite assimétrica: menos de cinco articulações, pequenas e/ou grandes, são afetadas.

3. Poliartrite simétrica: semelhante à artrite reumatoide, com envolvimento simétrico de várias articulações.

4. Artrite mutilante: uma forma rara, presente em menos de 5% dos casos, caracterizada por artrite deformante e destrutiva, sendo altamente específica para a artrite psoriásica.

Artrite mutilante na artrite psoriásica com deformidade acentuada e destruição dos dedos. Fonte: Uptodate 2021
Artrite mutilante na artrite psoriásica com deformidade acentuada e destruição dos dedos. (Fonte: Uptodate 2021)

5. Forma axial: inclui manifestações como sacroileíte e espondilite, que se assemelham à espondilite anquilosante.

Saiba mais: Tipos de Artrite Psoriásica: descubra as diferenças e sintomas

Diagnóstico

O diagnóstico de Artrite Psoriásica (APs) é geralmente baseado na presença de psoríase associada a artrite inflamatória com padrões típicos da doença. Para isso, é fundamental realizar uma avaliação detalhada que inclua:

  • História clínica e exame físico completos.
  • Exames laboratoriais e de imagem, conforme necessário, para confirmar o diagnóstico e excluir outras condições.

É essencial descartar outras doenças que podem apresentar sintomas semelhantes, como artrite reumatoide, artrite reativa, gota, espondilite anquilosante e osteoartrite. 

Saiba mais: Qual a relação entre a Psoríase e a Artrite Psoriásica?

Critérios diagnósticos

Para padronizar os estudos e facilitar o diagnóstico, critérios específicos foram desenvolvidos ao longo dos anos. Os critérios CASPAR (Classificação de Artrite Psoriásica), propostos em 2006, são amplamente utilizados. Eles consideram:

  • Presença de psoríase (atual, histórica ou em parentes de primeiro grau).
  • Dactilite.
  • Alterações ungueais, como onicólise ou hiperqueratose subungueal.
  • Achados radiográficos, como formação de novo osso em articulações.
  • Resultados laboratoriais, incluindo fator reumatoide negativo.

O uso desses critérios auxilia no diagnóstico preciso e na diferenciação da APs de outras doenças reumáticas.

Tratamentos para Artrite Psoriásica

A Artrite Psoriásica (APs) é uma doença autoimune crônica que, embora sem cura, pode ser controlada. O tratamento combina diferentes abordagens utilizadas para outras formas de artrite inflamatória, como espondilite anquilosante e artrite reumatoide.

O principal objetivo é controlar a inflamação, aliviar o desconforto, prevenir lesões articulares e incapacidade, além de alcançar remissão ou mínima atividade da doença.

Abordagem não farmacológica

  • Educação: informar o paciente sobre a condição e o manejo adequado.
  • Controle de fatores de risco cardiovascular: inclui obesidade, hipertensão e síndrome metabólica.
  • Atividade física e fisioterapia: estímulo a exercícios regulares para melhorar a função e reduzir o impacto da doença.

Tratamento medicamentoso

O plano terapêutico é individualizado, dependendo da gravidade do quadro. As opções incluem:

  • Drogas Modificadoras de Doença (DMARDs): como metotrexato, sulfassalazina e leflunomida.
  • Imunossupressores: para quadros mais graves.
  • Imunobiológicos: como inibidores de TNF, IL-17, IL-12/23, entre outros, para casos refratários ou de maior gravidade.

Acompanhamento regular

Manter consultas periódicas com o Reumatologista é essencial para monitorar a resposta ao tratamento e ajustar a abordagem conforme necessário.

Para mais informações ou para agendar uma consulta, entre em contato.

CID: M07; M07.0; M07.1; M07.2; M07.3

Referências

Moreira, C. et al. Livro da SBR, 3ª Ed. Editora Manole, 2023

Hochberg MC. Rheumatology, 8th ed. Philadelphia: Elsevier; 2023.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241