A lombalgia é uma das principais razões para consultas médicas em todo o mundo, sendo também uma das maiores causas de incapacidade, seja temporária ou definitiva. Embora muitos episódios de dor nas costas sejam autolimitados, é essencial compreender as diferenças entre os tipos de dor para um diagnóstico e tratamento adequados.
- Dor aguda: dura até 4 semanas.
- Dor subaguda: persiste entre 4 e 12 semanas.
- Dor crônica: dura mais de 12 semanas.
Por que a dor lombar acontece?
A lombalgia pode ser causada por diversas condições que afetam a coluna, incluindo:
- Doenças degenerativas (ex.: artrose);
- Condições inflamatórias (ex.: espondilite anquilosante);
- Infecções, traumas ou tumores;
- Problemas dermatológicos (ex.: herpes zóster).
Essa ampla variedade de possíveis causas torna a avaliação clínica um desafio. Em muitos casos, exames laboratoriais e de imagem acabam sendo utilizados de forma desnecessária, gerando custos elevados sem benefícios claros.
Como avaliar a dor lombar?
A avaliação adequada da dor lombar é fundamental para evitar diagnósticos errados e tratamentos desnecessários. Um erro comum é dar muita importância a exames de imagem, como ressonância magnética, que podem revelar alterações sem relação direta com os sintomas. Por exemplo, cerca de um terço dos indivíduos assintomáticos apresentam hérnias de disco em exames de imagem.
Elementos-chave para avaliação clínica
Durante a consulta, alguns fatores devem ser analisados para compreender melhor o quadro clínico:
- Tempo de evolução: dor aguda, subaguda ou crônica?
- Início da dor: súbito ou progressivo?
- Fatores de melhora ou piora: atividades, posturas ou medicamentos.
- Ritmo da dor: mecânica (associada a movimentos) ou inflamatória (presente mesmo em repouso)?
- Sinais de alerta (red flags): febre, perda de peso inexplicada, dor noturna, uso prolongado de corticosteroides, imunossupressão ou histórico de câncer.
- Fatores de risco para cronificação (yellow flags): depressão, catastrofismo, questões trabalhistas.
- Irradiação da dor: pode indicar hérnias de disco.
- Claudicação: associada a estenose do canal lombar.
- Avaliação de incapacidade: limitações funcionais causadas pela dor.
Exame físico
O exame físico complementa a anamnese, identificando:
- Limitações de movimento;
- Deformidades estruturais;
- Comprometimento neurológico, como fraqueza ou alterações sensoriais.
Essa abordagem inicial muitas vezes evita exames desnecessários, direcionando o diagnóstico e o tratamento de forma mais eficaz.
Principais síndromes clínicas de Lombalgia
A lombalgia pode ter diferentes causas e manifestações clínicas. Abaixo, listamos as quatro principais síndromes associadas à dor lombar, com seus sintomas e opções de tratamento.
1. Contratura muscular
A contratura muscular é a principal causa de lombalgia aguda. Ocorre devido a sobrecarga mecânica ou posturas inadequadas prolongadas.
Características:
- Dor súbita, localizada na região lombar;
- Ausência de irradiação da dor para membros inferiores;
- Relacionada a esforço físico ou má postura.
Tratamento:
- Medidas conservadoras: calor local, analgésicos e anti-inflamatórios.
- Reabilitação precoce: incentivo à mobilização para evitar rigidez.
2. Lombalgia Mecânica Comum
Causa mais frequente de dor lombar crônica, associada a fatores mecânicos e degenerativos.
Características:
- Dor unilateral ou bilateral, com ou sem irradiação para nádegas e região sacral;
- Início insidioso, sem fator desencadeante claro;
- Exames de imagem geralmente normais ou com alterações inespecíficas.
Tratamento:
- Educação do paciente: reforçar a importância de manter a atividade física.
- Cinesioterapia: fortalecimento muscular e reabilitação postural.
- Medicamentos: analgésicos, miorrelaxantes, antidepressivos e anticonvulsivantes para controle da dor.
3. Hérnia Discal com Radiculopatia
Ocorre quando o núcleo pulposo do disco intervertebral desloca-se, comprimindo raízes nervosas.
Características:
- Dor lombar aguda, frequentemente irradiada para um dos membros inferiores até o pé;
- Agravada por flexão lombar;
- Sinal clínico: teste de Lasegue positivo.
Diagnóstico:
- Baseado no exame clínico;
- Ressonância magnética: utilizada em casos mais graves ou persistentes.
Tratamento:
- Conservador inicial: repouso relativo (7 a 10 dias), analgésicos, anti-inflamatórios e mobilização progressiva.
- Cirurgia: indicada em casos de síndrome da cauda equina, déficit motor progressivo ou falha do tratamento conservador após 8 semanas.
4. Estenose do Canal Lombar
Condição degenerativa que reduz o espaço para as estruturas neurais no canal espinhal, comum em pessoas acima dos 50 anos.
Características:
- Dor lombar crônica associada a claudicação;
- Dor e fraqueza nas pernas, agravadas pela extensão lombar;
- Trajetos de várias raízes nervosas afetadas.
Tratamento:
- Conservador: analgesia e reabilitação física;
- Em casos severos, pode ser considerada intervenção cirúrgica.
Mensagem aos pacientes sobre Lombalgia
É comum que pacientes com dor lombar esperem exames de imagem, como radiografias ou ressonâncias magnéticas, logo na consulta inicial. No entanto, é importante compreender que, na maioria dos casos, esses exames não são necessários, especialmente em quadros de lombalgia mecânica ou inespecífica.
O que você precisa saber sobre exames de imagem:
Achados incidentais são comuns: alterações como hérnias de disco ou desgaste dos discos intervertebrais podem aparecer em exames, mesmo em pessoas sem dor lombar.
Imagens desnecessárias podem gerar ansiedade: esses resultados podem levar a tratamentos ou intervenções que não são realmente necessários.
Avaliação clínica é suficiente na maioria dos casos: através de uma consulta detalhada, com anamnese e exame físico, é possível identificar se a lombalgia é mecânica, inflamatória ou associada a condições mais graves.
Quando os exames são indicados?
Exames de imagem são recomendados apenas em situações específicas, como:
- Presença de red flags, como febre, perda de peso, histórico de câncer ou imunossupressão.
- Ausência de melhora após 4 a 6 semanas de tratamento conservador.
- Sinais de comprometimento neurológico significativo, como perda de força muscular progressiva ou suspeita de síndrome da cauda equina.
Enfrentando a dor lombar
A maioria dos pacientes com lombalgia pode esperar melhora significativa ao longo do tempo, especialmente com tratamentos conservadores, como reabilitação física e controle adequado da dor. Manter-se ativo e evitar o repouso prolongado são estratégias essenciais para a recuperação.
Procure um profissional de saúde
Se você está enfrentando lombalgia, busque um médico qualificado para avaliação e tratamento. Um atendimento clínico personalizado garante maior tranquilidade e eficácia no cuidado com sua saúde.
Códigos CID para Lombalgia
- M54: Dor nas costas;
- M54.1: Radiculopatia;
- M54.3: Ciática;
- M54.8: Outras dorsopatias;
- M54.9: Dor nas costas não especificada.