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Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Osteoartrite (antiga artrose)

A osteoartrite, anteriormente conhecida como artrose, é a doença articular crônica mais comum, sendo uma causa comum de incapacitação por dor e/ou destruição articular.

Embora seja uma doença ligada ao envelhecimento, ela não é um processo puramente degenerativo: existem fenômenos inflamatórios, mecânicos e genéticos associados, afetando a cartilagem articular, o osso subcondral, ligamentos, meniscos e músculos. 

No Brasil, sua prevalência é de 16%, porém, muitos pacientes são assintomáticos, não fazendo parte dessa estimativa. Ela é responsável por 30 a 40% das consultas nos ambulatórios de reumatologia.

Causas

Existem alguns fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da osteoartrite, sendo os mais comuns: idade, sexo, predisposição genética, obesidade, estresse mecânico, trauma articular, doenças congênitas ou no desenvolvimento do osso e articulação, afecção articular inflamatória prévia, doenças endócrino-metabólicas. 

Sintomas/manifestações clínicas

Os principais sintomas são a dor espontânea, rigidez pós-repouso (não superior a 30 minutos), rigidez e dor protocinética (ao caminhar), parestesias, melhora com o repouso.

Os sinais mais prevalentes são: dor e sensibilidade à mobilização, à palpação ou às manobras; crepitação palpável e/ou audível; espasmo e atrofia da musculatura articular satélite; limitação de amplitude articular; mau alinhamento articular e defeitos posturais (causais ou consequentes); sinais discretos de inflamação articular (calor, rubor, dor); derrame articular, comumente relacionado a trauma ou ao uso excessivo da articulação.

Osteoartrite de joelho

A AO de joelhos, também chamada gonartrose, é a localização periférica mais comum, predomina entre 50 e 60 anos e é mais frequente no sexo feminino. Relação com obesidade e com deformidades em varo e valgo.

Os sintomas variam com a gravidade da lesão: no início, a dor aparece quando a articulação é usada mais intensamente; à medida que o processo se agrava, ela surge após pequenos esforços ou até mesmo em repouso. É comum o paciente queixar-se de dor ao levantar de uma cadeira.

Também conhecida como coxartrose, até os 50 anos é mais comum no sexo masculino. Pode ser consequência do impacto fêmoroacetabular e está associado com atividade esportivas.

Osteoartrite de quadril

Os sintomas surgem de maneira insidiosa, e a dor pode ser precedida por fatigabilidade do membro inferior e dificuldade na marcha, com passos menos amplos. A dor ao caminhar torna-se, gradativamente, a principal queixa.

Pode ser aliviada ao repouso, mas retorna ao realizar atividade física. O paciente geralmente tem dificuldades para subir e descer escadas ou para caminhar em superfícies irregulares.

Não é incomum caminhar inclinando o tronco para o lado afetado, em virtude da incapacidade do músculo glúteo médio em sustentar a pelve (marcha em Trendelenburg).

Pode haver dificuldade de calçar os sapatos ou cruzar as pernas.

Osteoartrite de mãos

A osteoartrite de mãos é mais comum nas mulheres e pode levar ao alargamento dos dedos bem como perda de funcionalidade. Há forte componente hereditário. 

Fig. 2: Osteoartrite de mãos com nódulos de Heberden e Bouchard (Fonte: Uptodate 2021)

Quando há acometimento das interfalangianas distais, denominamos nódulos de Heberden e se de interfalangianas proximais, nódulos de Bouchard. Quando o processo ocorre na região trapézio-metacarpal, chamamos de rizartrose.

É possível que a osteoartrite de mãos apresente um maior grau de inflamação, aparecendo de forma aguda, dolorosa e simétrica (osteoatrite erosiva).

Outras articulações

A osteoartrite também pode acometer diversas outras articulações do corpo humano, como os ombros, pés, tornozelos, esqueleto axial, articulação têmporo-mandibular e cotovelos.

Diagnóstico

A consulta com um reumatologista, associado à realização de radiografias convencionais, é o método mais simples e adequado para diagnosticar a osteoartrite, bem como para determinar sua extensão e gravidade, monitorar sua progressão e determinar os candidatos ao tratamento cirúrgico.

É importante ressaltar que nem sempre existe correlação entre os achados da imagem e as manifestações clínicas. Muitos pacientes podem apresentar dor importante, mas poucas alterações radiográficas.

A contribuição laboratorial é pequena, sendo útil basicamente para a busca por diagnósticos diferenciais.

O líquido sinovial, obtido após punção articular, é caracteristicamente não inflamatório, com viscosidade reduzida.

Saiba mais: Qual a diferença entre Artrite e Artrose?

Tratamento

O tratamento da osteoartrite deve ser individualizado. Seus objetivos básicos são: educação do paciente, alívio dos sintomas, recuperação funcional, retardo ou bloqueio da evolução da doença e regeneração dos tecidos lesados. É importante fazer o reconhecimento dos fatores desencadeantes e agravantes presentes em cada caso, bem como a identificação das estruturas e articulações comprometidas. 

O paciente deve ser orientado sobre sua doença. Um programa individualizado e equilibrado de exercícios físicos deve ser montado para prevenção e manutenção da integridade articular. O repouso pode ser necessário em períodos de piora, mas não deve ser absoluto. Perda de peso e dieta equilibrada devem ser estimulados. A proteção articular pode ser feita através do uso de órteses (bengalas, palmilhas, calçados adequados).

O tratamento farmacológico baseia-se no uso de analgésicos, anti-inflamatórios tópicos e orais e medicações intra-articulares, sempre devendo ser prescritas após avaliação médica especializada e considerando cada caso. Uma vez que o tratamento conservador se mostra ineficaz, a programação cirúrgica pode ser considerada.

Osteoartrite tem cura?

A osteoartrite é uma doença crônica, ou seja, não tem cura. Entretanto, é importante salientar que sua evolução é lenta e sua atividade pode ser controlada através do acompanhamento regular com o especialista. 

CID: M 19; M19.1; M19.2; M19.8; M19.9

Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019

Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019

Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição

UpToDate 2021

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso a cerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241