A osteoartrite, anteriormente conhecida como artrose, é a doença articular crônica mais comum, sendo uma causa comum de incapacitação por dor e/ou destruição articular.
Embora seja uma doença ligada ao envelhecimento, ela não é um processo puramente degenerativo: existem fenômenos inflamatórios, mecânicos e genéticos associados, afetando a cartilagem articular, o osso subcondral, ligamentos, meniscos e músculos.
No Brasil, sua prevalência é de 16%, porém, muitos pacientes são assintomáticos, não fazendo parte dessa estimativa. Ela é responsável por 30 a 40% das consultas nos ambulatórios de reumatologia.
Causas
Existem alguns fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da osteoartrite, sendo os mais comuns: idade, sexo, predisposição genética, obesidade, estresse mecânico, trauma articular, doenças congênitas ou no desenvolvimento do osso e articulação, afecção articular inflamatória prévia, doenças endócrino-metabólicas.
Sintomas/manifestações clínicas
Os principais sintomas são a dor espontânea, rigidez pós-repouso (não superior a 30 minutos), rigidez e dor protocinética (ao caminhar), parestesias, melhora com o repouso.
Os sinais mais prevalentes são: dor e sensibilidade à mobilização, à palpação ou às manobras; crepitação palpável e/ou audível; espasmo e atrofia da musculatura articular satélite; limitação de amplitude articular; mau alinhamento articular e defeitos posturais (causais ou consequentes); sinais discretos de inflamação articular (calor, rubor, dor); derrame articular, comumente relacionado a trauma ou ao uso excessivo da articulação.
Osteoartrite de joelho
A AO de joelhos, também chamada gonartrose, é a localização periférica mais comum, predomina entre 50 e 60 anos e é mais frequente no sexo feminino. Relação com obesidade e com deformidades em varo e valgo.
Os sintomas variam com a gravidade da lesão: no início, a dor aparece quando a articulação é usada mais intensamente; à medida que o processo se agrava, ela surge após pequenos esforços ou até mesmo em repouso. É comum o paciente queixar-se de dor ao levantar de uma cadeira.
Também conhecida como coxartrose, até os 50 anos é mais comum no sexo masculino. Pode ser consequência do impacto fêmoroacetabular e está associado com atividade esportivas.
Osteoartrite de quadril
Os sintomas surgem de maneira insidiosa, e a dor pode ser precedida por fatigabilidade do membro inferior e dificuldade na marcha, com passos menos amplos. A dor ao caminhar torna-se, gradativamente, a principal queixa.
Pode ser aliviada ao repouso, mas retorna ao realizar atividade física. O paciente geralmente tem dificuldades para subir e descer escadas ou para caminhar em superfícies irregulares.
Não é incomum caminhar inclinando o tronco para o lado afetado, em virtude da incapacidade do músculo glúteo médio em sustentar a pelve (marcha em Trendelenburg).
Pode haver dificuldade de calçar os sapatos ou cruzar as pernas.
Osteoartrite de mãos
A osteoartrite de mãos é mais comum nas mulheres e pode levar ao alargamento dos dedos bem como perda de funcionalidade. Há forte componente hereditário.
Quando há acometimento das interfalangianas distais, denominamos nódulos de Heberden e se de interfalangianas proximais, nódulos de Bouchard. Quando o processo ocorre na região trapézio-metacarpal, chamamos de rizartrose.
É possível que a osteoartrite de mãos apresente um maior grau de inflamação, aparecendo de forma aguda, dolorosa e simétrica (osteoatrite erosiva).
Outras articulações
A osteoartrite também pode acometer diversas outras articulações do corpo humano, como os ombros, pés, tornozelos, esqueleto axial, articulação têmporo-mandibular e cotovelos.
Diagnóstico
A consulta com um reumatologista, associado à realização de radiografias convencionais, é o método mais simples e adequado para diagnosticar a osteoartrite, bem como para determinar sua extensão e gravidade, monitorar sua progressão e determinar os candidatos ao tratamento cirúrgico.
É importante ressaltar que nem sempre existe correlação entre os achados da imagem e as manifestações clínicas. Muitos pacientes podem apresentar dor importante, mas poucas alterações radiográficas.
A contribuição laboratorial é pequena, sendo útil basicamente para a busca por diagnósticos diferenciais.
O líquido sinovial, obtido após punção articular, é caracteristicamente não inflamatório, com viscosidade reduzida.
Saiba mais: Qual a diferença entre Artrite e Artrose?
Tratamento
O tratamento da osteoartrite deve ser individualizado. Seus objetivos básicos são: educação do paciente, alívio dos sintomas, recuperação funcional, retardo ou bloqueio da evolução da doença e regeneração dos tecidos lesados. É importante fazer o reconhecimento dos fatores desencadeantes e agravantes presentes em cada caso, bem como a identificação das estruturas e articulações comprometidas.
O paciente deve ser orientado sobre sua doença. Um programa individualizado e equilibrado de exercícios físicos deve ser montado para prevenção e manutenção da integridade articular. O repouso pode ser necessário em períodos de piora, mas não deve ser absoluto. Perda de peso e dieta equilibrada devem ser estimulados. A proteção articular pode ser feita através do uso de órteses (bengalas, palmilhas, calçados adequados).
O tratamento farmacológico baseia-se no uso de analgésicos, anti-inflamatórios tópicos e orais e medicações intra-articulares, sempre devendo ser prescritas após avaliação médica especializada e considerando cada caso. Uma vez que o tratamento conservador se mostra ineficaz, a programação cirúrgica pode ser considerada.
Osteoartrite tem cura?
A osteoartrite é uma doença crônica, ou seja, não tem cura. Entretanto, é importante salientar que sua evolução é lenta e sua atividade pode ser controlada através do acompanhamento regular com o especialista.
CID: M 19; M19.1; M19.2; M19.8; M19.9
Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019
Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019
Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição
UpToDate 2021