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Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Por: Dra. Marcella Mello

Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso a cerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara.
CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241

PSEUDOGOTA

O QUE É?

A artrite aguda por cristais de pirofosfato de cálcio, anteriormente denominada pseudogota, é uma das manifestações da doença por deposição de pirofosfato de cálcio, patologia com prevalência entre 5 e 10% da população, mais comum nos idosos. 

CAUSAS

Muitos casos são idiopáticos, entretanto, alguns fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da doença. São eles: envelhecimento (raro antes dos 55 anos), trauma articular prévio, cirurgia articular, hemocromatose, hiperparatireoidismo, hipomagnesemia, hipofosfatemia, etc.

SINTOMAS/MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A maioria dos pacientes com deposição de cristais de pirofosfato de cálcio (DPFC) é assintomática. Entretanto, 4 tipos de apresentações são mais comumente vistos:

 

  1. DPFC assintomática: apresentação mais comum. É diagnosticado pelo achado ocasional de condrocalcinose (calcificação radiográfica na fibrocartilagem)
  2. Artrite aguda por cristais de pirofosfato de cálcio (antiga pseudogota): monoartrite ou oligoartrite aguda, sendo a causa mais comum de monoartrite em idosos. Locais mais acometidos são joelho, punho, ombro, tornozelo e cotovelo. Os ataques geralmente são agudos, rápidos, com dor importante, edema e rigidez.
  3. Osteoartrite com DPFC: É a forma mais comum. Cerca de 50% dos pacientes com DPFC evoluem com alterações degenerativas semelhantes a osteoartrite. Em metade desses pacientes, episódios de sinovite aguda podem se sobrepor. Acometimento preferencial de joelhos, punhos, metacarpofalangeanas, quadris, ombros e cotovelos.
  4. Artrite inflamatória crônica por cristais de pirofosfato de cálcio: Poliartrite crônica de pequenas e grandes articulações, não erosiva, semelhante à artrite reumatoide.

DIAGNÓSTICO

Um exame clínico especializado, associado à radiografia convencional geralmente são suficientes para dar o diagnóstico. Entretanto, a confirmação se dá com o achado de cristias de PFC no líquido sinovial, que se apresentando com forma rombóide e birrefringência positiva fraca.

 

Os achados habitual do RX é a calcificação de padrão linear ou pontilhado nas estruturas fibrocartilaginosas (menisco, sínfise púbica, ligamento triangular do punho) e na cartilagem hialina, paralela ao osso subcondral.

EXAMES LABORATORIAIS

É comum na propedêutica de DPFC a realização de propedêutica laboratorial para pesquisa de causas ou fatores de risco. 

 

Hemograma, provas inflamatórias, ácido úrico, fator reumatoide para diagnóstico diferencial. Após definição de DPFC: cálcio, fósforo, magnésio, fosfatase alcalina, ferritina, ferro sérico, índice de saturação de transferrina, TSH.

TRATAMENTO

Não há tratamento que previna a deposição de cristais de PFC ou que dissolva os cristais.

Pode-se fazer uso de medicações sintomáticas como analgésicos, antiinflamatórios, corticoide em baixas doses e infiltrações intra-articulares, além do tratamento das patologias de base.

DIFERENÇA ENTRE PSEUDOGOTA E GOTA

Ambas doenças são artropatias inflamatórias, classificadas como artrites microcristalinas. A gota é causada pela deposição de cristais de monourato de sódio e a pseudogota acontece pela deposição de cristais de pirofosfato de cálcio.


CID: M 11.2; M 11.8


Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019

Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019

Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição

UpToDate 2021