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Dra. Marcella Mello Reumatologista
Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Doenças autoimunes e a busca pela remissão

A remissão da doença é, para muitos pacientes com doenças reumáticas autoimunes, o momento mais aguardado de todo o tratamento. Após meses (ou anos) de convivência com sintomas, inflamações e ajustes de medicação, alcançar a remissão representa estabilidade, qualidade de vida e esperança.

Neste artigo, vamos explicar o que exatamente significa entrar em remissão, por que esse estágio não é sinônimo de cura e quais fatores podem contribuir para que ele seja alcançado.

Exemplos de doenças autoimunes na reumatologia

Antes de falarmos especificamente sobre a remissão, é importante lembrar alguns dos principais exemplos de doenças autoimunes na reumatologia:

  • Lúpus
  • Artrite reumatoide
  • Esclerose sistêmica
  • Síndrome de Sjögren
  • Miopatias inflamatórias (dermatomiosite e polimiosite)
  • Espondilite anquilosante
  • Artrite psoriásica

Características das doenças reumáticas autoimunes

Outro ponto importante é que essas doenças são crônicas, ou seja, não existe nenhum tipo de tratamento que leve à cura.

Além disso, elas são sistêmicas, o que significa que diversos órgãos ou sistemas podem ser acometidos. Isso faz com que cada paciente apresente manifestações diferentes, e que a forma de evolução, a gravidade da doença e os tratamentos indicados também variem bastante.

Nem todos os pacientes com lúpus, por exemplo, evoluem da mesma forma ou com o mesmo grau de gravidade. Por isso, cada caso é único.

O que é a remissão da doença?

Agora sim, voltando ao assunto principal: a remissão da doença autoimune. Remissão é o momento em que não existe nenhuma atividade inflamatória identificável da doença no paciente. Isso significa:

  • O paciente não apresenta sintomas
  • Os exames laboratoriais estão bons
  • Os exames de imagem estão bons
  • As métricas utilizadas pelo reumatologista indicam inatividade da doença

Nessa fase, muitas vezes é possível reduzir o número de medicamentos, deixar os remédios em doses menores e seguir com o acompanhamento regular.

Remissão não é cura

É importante reforçar que, mesmo quando o paciente alcança a remissão, isso não significa cura.

Ao longo dos anos, pode haver reativações da doença. Mesmo em casos estáveis, com boa qualidade de vida e uso reduzido de medicamentos, a doença pode voltar a entrar em atividade em algum momento.

Quando isso acontece, é necessário remanejar o tratamento, fazer ajustes e buscar novamente o controle da inflamação até alcançar uma nova remissão.

Como alcançar a remissão?

Essa é uma das perguntas mais frequentes no consultório:

Doutora, o que eu faço? Pelo amor de Deus, quero muito que a minha doença entre em remissão!

Embora existam fatores genéticos que influenciam na gravidade da doença e na resposta ao tratamento, há também algumas atitudes fundamentais que ajudam muito a alcançar esse objetivo.

1. Diagnóstico precoce

Se os sintomas começarem, não demore a procurar um especialista.
Um diagnóstico precoce permite que o tratamento seja instituído rapidamente, aumentando as chances de controlar a inflamação desde o início.

2. Encontrar um bom médico

Buscar um profissional de confiança, com boas referências e com quem o paciente se sinta seguro, é super importante. Esse vínculo pode fazer toda a diferença no sucesso do tratamento.

3. Usar os medicamentos corretamente

Utilizar os remédios da forma correta e de maneira regular é essencial.
Muitas vezes, o médico acha que a doença não está sendo controlada, quando na verdade o paciente está usando o remédio de forma errada ou em dose inadequada.

4. Manter hábitos saudáveis

Manter hábitos de vida saudáveis, praticar atividade física e contar com acompanhamento psicológico também são pontos importantes para alcançar a remissão.

Considerações finais

A remissão da doença é um objetivo real e possível para quem convive com doenças reumáticas autoimunes. Embora não represente a cura, ela traz alívio, estabilidade e qualidade de vida, e deve ser buscada com dedicação conjunta entre paciente e equipe médica.

Com o tratamento adequado, acompanhamento contínuo e hábitos saudáveis, ela pode, sim, se tornar parte do seu caminho.

Acredite, a sua remissão vai chegar. Não desista!

Referências

Moreira, C. et al. Livro da SBR, 3ª Ed. Editora Manole, 2023

Hochberg MC. Rheumatology, 8th ed. Philadelphia: Elsevier; 2023.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241