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Dra. Marcella Mello Reumatologista
Marcella Mello - Doctoralia.com.br

O que é tendinite? Saiba como identificar e tratar

O que é Tendinite?

A tendinite é uma inflamação ou irritação nos tendões, estruturas fibrosas que conectam os músculos aos ossos.

Essa condição pode ocorrer em qualquer tendão do corpo, mas é mais comum em áreas como ombros, cotovelos, punhos, joelhos e tornozelos.

Quando sobrecarregados ou submetidos a movimentos repetitivos, os tendões podem desenvolver microrrupturas, levando à inflamação.

Quais são as causas da Tendinite?

As causas da tendinite podem variar, mas estão frequentemente relacionadas a:

  • Movimentos repetitivos: atividades como digitar, praticar esportes ou tocar instrumentos musicais podem levar à tendinite.
  • Sobrecarga: levantar pesos ou realizar esforços excessivos sem preparo adequado pode sobrecarregar os tendões.
  • Idade: com o envelhecimento, os tendões perdem elasticidade, tornando-se mais suscetíveis a lesões.
  • Doenças subjacentes: condições como artrite reumatoide, diabetes e gota podem aumentar o risco de tendinite.
  • Postura inadequada: trabalhar ou realizar exercícios com postura incorreta pode afetar negativamente os tendões.
  • Processos infecciosos

Quais são os sintomas da Tendinite?

Os principais sintomas da tendinite incluem:

  • Dor localizada na região do tendão afetado, que pode piorar com o movimento.
  • Rigidez ou dificuldade para movimentar a área acometida.
  • Inchaço e sensibilidade ao toque.
  • Vermelhidão e calor (em casos mais graves).
  • Sensação de fraqueza no membro afetado.

Tipos mais comuns de Tendinite

Existem vários tipos de tendinite, geralmente classificados pela localização e função do tendão. Os mais comuns são:

  • Tendinite do manguito rotador: afeta os tendões que estabilizam o ombro, comum em atletas e trabalhadores que fazem movimentos acima da cabeça.
  • Epicondilite lateral (“cotovelo de tenista”) e medial (“cotovelo de golfista”): afeta os tendões ao redor do cotovelo devido a movimentos repetitivos.
  • Tendinite patelar (“joelho de saltador”): afeta o tendão que conecta a patela à tíbia, comum em atletas que saltam frequentemente.
  • Tendinite de Aquiles: inflamação no tendão de Aquiles, que liga a panturrilha ao calcanhar.
  • Tendinite do punho: geralmente associada a movimentos repetitivos, como digitação ou uso de ferramentas.

Diagnóstico da Tendinite: como é feito?

O diagnóstico da tendinite é clínico, ou seja, baseado nos sintomas relatados pelo paciente e no exame físico realizado pelo médico. O profissional avaliará a área dolorida, buscando sinais de inchaço, sensibilidade e limitação de movimento.

Em alguns casos, exames de imagem podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico ou descartar outras condições, como rupturas ou calcificações nos tendões. Os exames incluem:

  • Ultrassonografia: avalia o estado dos tendões e detecta inflamações.
  • Ressonância magnética (RM): permite uma análise mais detalhada dos tecidos moles, como tendões e músculos.
  • Radiografia: embora menos comum, pode ser usada para verificar calcificações ou outros problemas nos ossos adjacentes.

Como tratar a Tendinite?

O tratamento da tendinite depende da gravidade dos sintomas e da área afetada. As opções incluem:

  • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): ajudam a reduzir a dor e a inflamação.
  • Analgésicos: podem ser utilizados para aliviar a dor quando os AINEs não são necessários.
  • Injeções/infiltrações de corticoides: em casos mais graves, podem ser aplicadas diretamente no local da inflamação para alívio rápido.

Fisioterapia

A fisioterapia é uma parte essencial do tratamento. O fisioterapeuta pode recomendar exercícios de alongamento e fortalecimento para melhorar a função do tendão e reduzir o risco de recorrência. Outras técnicas utilizadas incluem:

  • Terapias manuais.
  • Ultrassom terapêutico.
  • Bandagens ou fitas funcionais para suporte.

Repouso é indicado?

Sim, o repouso é fundamental. Ele ajuda a evitar a progressão da inflamação e permite que o tendão se recupere. No entanto, isso não significa imobilizar completamente a área; atividades leves podem ser recomendadas para manter a mobilidade.

Aplicação de calor e frio: qual é melhor?

  • Frio: é indicado nas fases iniciais, quando há inchaço e dor. O gelo ajuda a reduzir a inflamação e aliviar a dor.
  • Calor: indicado nas fases posteriores, quando não há mais inchaço. O calor relaxa os músculos e melhora a circulação, promovendo a recuperação.

Tendinite tem cura?

Sim, a tendinite tem cura na maioria dos casos, especialmente quando diagnosticada e tratada precocemente. No entanto, sem o tratamento adequado, ela pode se tornar crônica, dificultando a recuperação e afetando a qualidade de vida.

Como prevenir a Tendinite?

Prevenir a tendinite é possível ao adotar medidas simples:

  • Evite movimentos repetitivos sem pausas adequadas.
  • Mantenha uma boa postura ao realizar atividades.
  • Fortaleça os músculos com exercícios regulares.
  • Use equipamentos ergonômicos no trabalho ou em casa.
  • Realize alongamentos antes e após atividades físicas.
  • Evite sobrecarga e aumente gradualmente a intensidade de exercícios ou esforços.

Mitos e verdades sobre a Tendinite

“Tendinite é só para atletas” – MITO

Qualquer pessoa pode desenvolver tendinite, independentemente do nível de atividade física.

“Repouso absoluto é a melhor solução” – MITO

O repouso é importante, mas atividades leves podem ajudar na recuperação.

“Aplicar gelo melhora a inflamação” – VERDADE

O gelo é eficaz para reduzir a inflamação inicial e a dor.

“Tendinite não tem cura” – MITO

Com tratamento adequado, a tendinite pode ser completamente resolvida.

“A tendinite sempre volta” – MITO

Embora possa haver recaídas, prevenir movimentos repetitivos e fortalecer os músculos reduz o risco.

Com o entendimento correto da tendinite, é possível identificar os sinais precocemente, buscar tratamento adequado e adotar medidas para prevenção, promovendo uma melhor qualidade de vida.

Referências

Moreira, C. et al. Livro da SBR, 3ª Ed. Editora Manole, 2023

Hochberg MC. Rheumatology, 8th ed. Philadelphia: Elsevier; 2023.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241