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Dra. Marcella Mello Reumatologista
Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Arterite de Células Gigantes (ACG)

O que é?

A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite granulomatosa, de médios e grandes vasos, que afeta principalmente os grandes ramos da aorta, com predileção pelas artérias vertebral e subclávia, e os ramos extracranianos das artérias carótidas, incluindo a artéria temporal. A aorta e outras artérias também podem ser acometidas, mas em menor proporção.

A ACG é considerada a vasculite sistêmica mais comum no idoso, ocorrendo após os 50 anos, com aumento progressivo da incidência com a idade. As mulheres são acometidas duas a três vezes mais que os homens.

Causas

A causa da doença é desconhecida. Estudos relatam a importância do componente genético associado a fatores ambientais. Há descrições de associação com citomegalovírus, eritrovírus B19, herpes simples, Chlamydia pneumoniae, mas nenhum deles com resultados confirmatórios.

A idade é o principal fator etiológico da ACG.esposta é geralmente rápida.

Sintomas/manifestações clínicas

O início dos sintomas na arterite de células gigantes (ACG) tende a ser subagudo, mas podem ocorrer apresentações abruptas em alguns dias.

Os sintomas sistêmicos associados à ACG são frequentes e incluem febre, fadiga e perda de peso.

A cefaleia é uma apresentação comum, ocorrendo em mais de dois terços dos doentes. A dor geralmente é nova, localizada na região temporal e associada a sensibilidade do couro cabeludo ao toque. Quase metade dos pacientes com ACG apresenta claudicação da mandíbula, um sintoma que envolve dor mandibular ou fadiga causada pela mastigação e aliviada pela parada.

O envolvimento ocular é grave e pode levar à cegueira. Pode se apresentar como amaurose fugaz (perda transitória da visão) ou perda permanente da visão. Esta é comumente indolor e súbita, podendo ser parcial ou total, uni ou bilateral e as principais causas são a neurite óptica isquêmica anterior, a oclusão da artéria retiniana central ou ramificada, neuropatia óptica isquêmica posterior ou, raramente, isquemia cerebral.

Manifestações neurológicas são incomuns, mas o sistema nervoso central e periférico podem ser envolvidos. Sintomas neuropsiquiátricos são observados em até 3% dos casos.

A polimialgia reumática, que será descrita adiante, é o sintoma mais frequente da recaída da doença.

→ Polimialgia reumática: A polimialgia reumática (PMR) é caracterizada por dores e rigidez matinal nas cinturas dos ombros e quadril, no pescoço e no tronco. A PMR está intimamente ligada à arterite de células gigantes, ocorrendo em aproximadamente 40% a 50% dos pacientes com ACG. Por outro lado, ACG é encontrado em aproximadamente 10% dos pacientes com PMR. Assim, os pacientes devem ser monitorados rotineiramente quanto a sinais e sintomas sugestivos de ACG.

A PMR é quase exclusivamente uma doença de adultos com mais de 50 anos; a incidência aumenta progressivamente com o avançar da idade. A idade média ao diagnóstico é de mais de 70 anos.

O achado laboratorial característico é uma elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) e da proteína C reativa (PCR).

O tratamento dessa condição é feito com glicocorticoides em baixas doses. A resposta é geralmente rápida.

Diagnóstico

O diagnóstico é confirmado pelo exame histopatológico das artérias temporais superficiais, em paciente com quadro clínico compatível e com evidência laboratorial de reagentes de fase aguda da inflamação. O padrão ouro é a biópsia da artéria temporal. Entretanto, 10% a 30% dos pacientes podem ter esse exame normal.

Exames de imagem como ultrassonografia com Doppler, tomografia e angiotomografia computadorizada, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons (PET) podem auxiliar no diagnóstico. O achado típico do ultrassom é o sinal do halo, que reflete o edema induzido pela inflamação da parede arterial.

Tratamento

Os glicocorticoides são considerados a droga padrão ouro para o tratamento. Além disso, o tocilizumabe, anticorpo monoclonal contra o receptor de interleucina 6 tem demonstrado bons resultados terapêuticos.

CID: M 35.3; M31.5; M31.6

Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019
Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019
Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição
UpToDate 2021

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241