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Dra. Marcella Mello Reumatologista
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Doença de Kawasaki: o que é e como identificar os sintomas

doença de kawasaki

A doença de Kawasaki (CID 10 – M30.3) é uma condição rara, porém séria, que afeta principalmente crianças, geralmente menores de 5 anos. Ela provoca inflamação nos vasos sanguíneos em várias partes do corpo, incluindo artérias, veias e capilares.

Essa inflamação, também chamada de vasculite, pode causar problemas cardíacos se não for tratada adequadamente. A causa exata ainda é desconhecida.

O que é a doença de Kawasaki?

A doença de Kawasaki é uma condição rara, mas séria, que afeta principalmente crianças pequenas. Ela provoca inflamação nos vasos sanguíneos e, se não tratada, pode causar complicações cardíacas graves. Felizmente, com o tratamento adequado e rápido, a maioria das crianças se recupera completamente e sem consequências a longo prazo.

Reconhecer os sintomas e procurar tratamento médico imediato é essencial para garantir uma recuperação rápida e minimizar o risco de complicações graves.

É importante que pais e cuidadores fiquem atentos a sinais como febre prolongada, erupções cutâneas e inchaço nas mãos e pés, e que procurem ajuda médica se houver suspeita de doença de Kawasaki.

Sintomas da doença de Kawasaki

Os sintomas da doença de Kawasaki ocorrem em fases e podem se sobrepor. Eles podem ser confundidos com outras condições, por isso é importante conhecer os sinais específicos para um diagnóstico correto.

A doença é dividida em três fases principais: fase aguda, fase subaguda e fase de convalescença:

Fase aguda (primeiros 10-14 dias)

— Febre alta persistente (geralmente acima de 39°C), que dura mais de cinco dias e não melhora com medicamentos comuns.

— Olhos vermelhos (conjuntivite bilateral) sem secreção.

— Lábios vermelhos, rachados ou secos, e a língua com um aspecto de “morango”, avermelhada e com pontos salientes.

— Inchaço e vermelhidão nas mãos e pés, podendo descamar.

— Erupção cutânea, muitas vezes no tronco e na área da fralda.

— Gânglios linfáticos aumentados no pescoço, geralmente de um lado (ínguas).

Fase subaguda (2 a 4 semanas após o início)

Descamamento da pele nas mãos e pés, especialmente em torno das unhas.

Irritabilidade extrema.

Pode haver desenvolvimento de aneurismas nas artérias coronárias, que são dilatações perigosas nos vasos sanguíneos do coração. Esse tipo de complicação também é observado em doenças como a Arterite de Takayasu, que afeta grandes vasos sanguíneos.

Fase de convalescença (a partir da 4ª semana)

A febre e os sintomas agudos desaparecem.

No entanto, pode demorar até oito semanas para que os exames de sangue voltem ao normal.

Critérios de diagnóstico

O diagnóstico da doença de Kawasaki é clínico, ou seja, feito com base nos sintomas observados. Para a doença ser diagnosticada, a criança geralmente deve apresentar febre por pelo menos cinco dias e pelo menos quatro dos seguintes cinco sinais:

  1. Conjuntivite sem secreção.
  2. Alterações na boca e língua (como lábios secos e rachados ou língua de “morango”).
  3. Inchaço ou vermelhidão das mãos e pés.
  4. Erupção cutânea.
  5. Aumento dos gânglios linfáticos no pescoço.

Além desses critérios, exames laboratoriais podem mostrar inflamação elevada (com aumento de glóbulos brancos e proteínas inflamatórias – PCR e VHS). Em alguns casos, pode ser necessário fazer um ecocardiograma para avaliar o estado das artérias coronárias, já que a doença pode causar problemas cardíacos graves, como aneurismas.

Tratamento da doença de Kawasaki

A doença de Kawasaki deve ser tratada rapidamente para evitar complicações, especialmente as relacionadas ao coração. O tratamento ideal é geralmente iniciado nos primeiros 10 dias após o início da febre.

O tratamento padrão inclui:

Imunoglobulina intravenosa (IVIG): Este é o tratamento principal e consiste na infusão de proteínas que ajudam o sistema imunológico a combater a inflamação. A IVIG é muito eficaz para reduzir o risco de complicações cardíacas, especialmente aneurismas nas artérias coronárias.

Aspirina: Ao contrário de outras doenças infantis, nas quais a aspirina geralmente é evitada, aqui ela é usada para reduzir a inflamação e prevenir a formação de coágulos sanguíneos. Inicialmente, é administrada em altas doses para controlar a febre e a inflamação, e depois em doses mais baixas para evitar complicações cardiovasculares.

Em casos raros, quando a IVIG não funciona, outros medicamentos, como corticosteroides ou inibidores do TNF, podem ser usados para controlar a inflamação.

Perguntas frequentes

Doença de Kawasaki tem cura?

Os pacientes sem comprometimento cardíaco apresentam resolução completa dos sintomas, independentemente do tratamento, e sem deixar sequelas. A recorrência da Doença de Kawasaki é rara. O prognóstico dos pacientes que desenvolvem alteração coronariana depende da extensão do comprometimento cardíaco. 

Embora a maioria das crianças tenha uma recuperação total, algumas podem desenvolver problemas cardíacos duradouros, necessitando de acompanhamento médico ao longo da vida. Por isso, é essencial que, após o tratamento, a criança continue sendo monitorada, especialmente com exames cardíacos regulares, para garantir que não haja complicações a longo prazo.

A doença de Kawasaki é grave?

A gravidade da doença de Kawasaki depende da rapidez com que ela é diagnosticada e tratada. Se não for tratada, a inflamação nos vasos sanguíneos pode causar danos permanentes ao coração, incluindo:

Aneurismas nas artérias coronárias: dilatações nas artérias que podem romper ou formar coágulos, levando a problemas como infarto.

Inflamação do músculo cardíaco (miocardite).

Valvulite (inflamação das válvulas cardíacas).

Cerca de 25% das crianças que não recebem tratamento desenvolvem complicações cardíacas. Por outro lado, com tratamento adequado, o risco de complicações graves diminui significativamente, e a maioria das crianças se recupera completamente.

A doença de Kawasaki é contagiosa?

Não, a doença de Kawasaki não é contagiosa. Ela não é causada por um vírus ou bactéria conhecida, e não se espalha de pessoa para pessoa. Embora a causa exata ainda seja desconhecida, muitos pesquisadores acreditam que fatores genéticos, ambientais e, possivelmente, uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma infecção podem estar envolvidos.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241