A Espondiloartrite Axial (CID M45), anteriormente conhecida como espondilite anquilosante, é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas.
Caracteriza-se por inflamação nas articulações e tecidos adjacentes, resultando em dor crônica, rigidez e redução da mobilidade.
A doença acomete principalmente homens jovens (<45 anos), e o acompanhamento reumatológico é essencial para o controle dos sintomas e prevenção de complicações.
Sintomas da Espondiloartrite Axial
Os sintomas da espondiloartrite axial variam em intensidade e localização. Os mais comuns incluem:
– Dor nas costas e nádegas: especialmente na parte inferior das costas, com tendência a piorar durante a noite e pela manhã, aliviando com o movimento e exercício.
– Rigidez articular: predominantemente após o repouso, como ao acordar, resultando em sensação de “coluna travada”.
– Diminuição da mobilidade: a inflamação contínua pode levar à fusão das vértebras, limitando a flexibilidade da coluna, especialmente em casos sem tratamento adequado.
– Fadiga: a inflamação crônica pode gerar cansaço extremo, dificultando tarefas diárias.
– Inflamação de articulações periféricas e ênteses: além da coluna e sacroilíacas, articulações como ombros, quadris e joelhos também podem ser afetadas. As entesites (inflamação nos locais de inserção dos tendões) são comuns, como fascite plantar e inflamação do tendão de Aquiles.
Outras manifestações:
– Uveíte: inflamação dos olhos, causando dor, vermelhidão e sensibilidade à luz.
– Psoríase: quando associada à espondiloartrite, chamamos de Artrite Psoriásica.
– Inflamação intestinal: relacionada à Doença de Crohn e à retocolite ulcerativa, conhecida como Espondiloartrite Enteropática.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce da espondiloartrite axial é crucial para prevenir a progressão da doença e evitar complicações como anquilose (fusão das articulações), perda de mobilidade e inflamação em outras áreas do corpo, como coração e pulmões.
O diagnóstico pode ser desafiador, especialmente nos estágios iniciais, devido à similaridade dos sintomas com outras condições, como a dor lombar mecânica. As principais ferramentas diagnósticas incluem:
– Histórico clínico: avaliação da dor inflamatória que melhora com movimento.
– Exames físicos: testes de flexibilidade da coluna e presença de dor nas articulações.
– Exames de imagem: radiografias, ressonância magnética e ultrassonografia para detectar alterações nas articulações.
– Exames de sangue: avaliação do gene HLA-B27 e marcadores inflamatórios como PCR e VHS.
Fatores de risco para Espondiloartrite Axial
Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver espondiloartrite, incluindo:
– Genética: ter o gene HLA-B27 é um dos maiores fatores de risco para a espondiloartrite. No entanto, nem todas as pessoas com esse gene desenvolvem a doença, o que sugere que fatores ambientais também desempenham um papel.
– Histórico familiar: pessoas com familiares que têm espondiloartrite ou outras doenças autoimunes estão em maior risco.
– Idade: a espondiloartrite geralmente se desenvolve em adultos jovens, frequentemente entre os 20 e 40 anos.
– Sexo: embora a doença possa afetar tanto homens quanto mulheres, algumas formas, como a espondilite anquilosante, tendem a ser mais comuns em homens.
Possíveis tratamentos para a Espondiloartrite Axial
Embora a espondiloartrite axial não tenha cura, existem tratamentos eficazes para controlar os sintomas e evitar a progressão da doença. O tratamento geralmente envolve uma combinação de medicamentos, fisioterapia e mudanças no estilo de vida.
Medicamentos
– Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): esses medicamentos, como ibuprofeno e naproxeno, são frequentemente a primeira linha de tratamento e ajudam a reduzir a dor e a inflamação.
– Imunossupressores: medicamentos como sulfassalazina (e, eventualmente, metotrexato) podem ser prescritos para auxiliar no controle da inflamação.
– Bloqueadores de TNF: também conhecidos como imunobiológicos, esses medicamentos ajudam a bloquear a inflamação e controlar a atividadade da doença. São exemplos: infliximabe, adalimumabe, certolizumabe, golimumabe e etanercepte.
– Bloqueadores de IL-17: outra classe de biológicos, esses medicamentos ajudam a reduzir a inflamação. São exemplos: secuquinumabe e ixequizumabe.
Fisioterapia
A fisioterapia é uma parte essencial do tratamento, ajudando a manter a mobilidade da coluna e a melhorar a postura. Exercícios regulares que promovem a flexibilidade e a força muscular são fundamentais para prevenir a rigidez e melhorar a qualidade de vida.
Mudanças no estilo de vida
– Exercício físico: atividades como natação, alongamento e exercícios de baixo impacto podem ajudar a aliviar a dor e manter a mobilidade. É importante manter a prática regular de atividade física.
– Postura correta: manter uma boa postura pode prevenir deformidades da coluna ao longo do tempo.
– Parar de fumar: fumar é um fator de risco conhecido para a progressão da espondiloartrite, portanto, parar de fumar pode melhorar o prognóstico da doença.
Prognóstico e qualidade de vida
O prognóstico da espondiloartrite varia de pessoa para pessoa. Em muitos casos, com o tratamento correto, os sintomas podem ser controlados, permitindo que o paciente tenha uma vida relativamente normal. No entanto, sem tratamento, a doença pode progredir, levando a complicações como fusão da coluna vertebral, perda de mobilidade e inflamação em outras partes do corpo.
A qualidade de vida dos pacientes com espondiloartrite depende muito do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento. Manter uma rotina regular de exercícios, seguir as orientações médicas e fazer ajustes no estilo de vida podem ajudar a controlar a doença e prevenir complicações a longo prazo.
Em caso de dúvidas ou suspeita no diagnóstico, procure um reumatologista.
Perguntas frequentes
Espondiloartrite Axial tem cura?
Atualmente, não existe cura para a espondiloartrite, mas os avanços no tratamento permitem um melhor controle dos sintomas e da inflamação, proporcionando uma qualidade de vida muito melhor para os pacientes. Com o tratamento adequado, muitas pessoas conseguem manter suas atividades diárias e evitar complicações graves.
A Espondiloartrite Axial é grave?
A espondiloartrite axial pode ser grave, principalmente em casos com atraso no diagnóstico e no tratamento. A doença pode levar à anquilose, um processo em que as articulações se fundem, resultando em uma coluna rígida e inflexível.
Também pode ocorrer inflamação em outras partes do corpo, como os tendões e os ligamentos, além de órgãos como o coração e os pulmões em casos mais raros.
Porém, um acompanhamento regular com o reumatologista e o uso correto dos medicamentos permite uma evolução favorável da doença e uma melhor qualidade de vida nos pacientes.
Espondiloartrite é uma doença autoimune?
Sim, a espondiloartrite é uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo de infecções e doenças, passa a atacar de maneira errada os próprios tecidos saudáveis. Nesse caso, o alvo principal são as articulações da coluna e as sacroilíacas.
Ainda não se sabe as causas exatas dessa resposta imunológica inadequada, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenhem um papel importante no desenvolvimento da espondiloartrite.
O gene HLA-B27, por exemplo, está fortemente associado à doença. Embora ter esse gene não signifique necessariamente que uma pessoa desenvolverá espondiloartrite, sua presença aumenta significativamente o risco. Também é possível ter a doença e o HLA-B27 estar ausente.
Existem outros tipos de Espondiloartrite?
Sim, a espondiloartrite axial faz parte de um grupo maior de doenças chamadas de “espondiloartrites”, que incluem diferentes condições com características semelhantes, como a inflamação das articulações sacroilíacas. Além da espondiloartrite axial, outros tipos incluem:
– Artrite psoriásica: uma forma de artrite que afeta algumas pessoas com psoríase, uma condição de pele que provoca manchas vermelhas e escamosas. Para mais informações, confira nosso artigo sobre artrite psoriásica.
– Artrite reativa: geralmente se desenvolve após uma infecção em outra parte do corpo, como o trato urinário ou o intestino. Para mais informações, confira nosso artigo sobre artrite reativa.
– Artrite enteropática: associada a doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn e a colite ulcerativa.