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Dra. Marcella Mello Reumatologista
Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Lúpus Discoide: o que é, sintomas e tratamento

O lúpus é uma doença que pode se manifestar de várias formas, e uma das mais conhecidas é o lúpus discoide, uma condição autoimune que afeta a pele. Mas o que isso significa?

Quando falamos de doenças autoimunes, estamos nos referindo a problemas em que o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra infecções, passa a atacar células saudáveis.

No caso do lúpus discoide, as áreas da pele, especialmente aquelas expostas ao sol, são as mais afetadas, levando ao surgimento de manchas ou lesões.

Vamos entender um pouco mais sobre o que caracteriza o lúpus discoide, seus sintomas, causas, como é feito o diagnóstico, opções de tratamento e a diferença entre ele e o lúpus sistêmico.

O que é Lúpus Discoide?

O lúpus discoide é uma forma de lúpus que se manifesta exclusivamente na pele. Essa doença autoimune afeta principalmente o rosto, couro cabeludo, pescoço e orelhas, mas também pode surgir em outras partes do corpo que ficam expostas ao sol.

Em contraste com o lúpus sistêmico, que é mais abrangente e pode comprometer órgãos internos, o lúpus discoide se restringe à pele e causa lesões, geralmente circulares, que podem ser avermelhadas, escamosas e, em casos mais graves, deixar cicatrizes.

Por outro lado, é importante ressaltar que pacientes com a doença sistêmica podem apresentar lesões compatíveis com lúpus discoide. 

A doença é mais comum em mulheres e, geralmente, aparece em adultos jovens ou de meia-idade. Embora as causas exatas ainda não sejam completamente entendidas, acredita-se que o lúpus discoide esteja ligado a uma combinação de fatores genéticos e ambientais.

A boa notícia é que, com o diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Quais são os sintomas do Lúpus Discoide?

Os sintomas do lúpus discoide podem variar de pessoa para pessoa, mas alguns sinais são bem característicos da condição:

  • Lesões na pele: as lesões cutâneas são o principal sinal do lúpus discoide. Elas tendem a ser em formato circular ou oval e geralmente têm bordas bem definidas. Essas lesões podem ser avermelhadas e inflamadas, e, com o tempo, tornar-se escamosas e espessas.
  • Manchas ou placas: em alguns casos, as lesões aparecem como manchas ou placas que variam de tamanho e podem ser esbranquiçadas ou rosadas.
  • Queda de cabelo: quando as lesões surgem no couro cabeludo, elas podem levar à queda de cabelo. Esse tipo de queda é frequentemente permanente, pois as lesões deixam cicatrizes.
  • Sensibilidade ao sol: pessoas com lúpus discoide geralmente apresentam fotossensibilidade, ou seja, as lesões tendem a piorar ou surgir após a exposição solar.
  • Coceira e desconforto: embora nem todos experimentem esse sintoma, algumas pessoas podem sentir coceira nas lesões, o que pode ser desconfortável e interferir no dia a dia.

Como é feito o diagnóstico?

Para diagnosticar o lúpus discoide, o dermatologista começa com uma avaliação clínica detalhada, examinando as lesões na pele e investigando o histórico médico do paciente.

No entanto, para confirmar o diagnóstico, alguns exames específicos podem ser necessários:

  • Biópsia de pele: a biópsia é um exame em que uma pequena amostra da pele afetada é retirada e analisada em laboratório. Esse exame permite observar as características da lesão e confirmar se ela está associada ao lúpus discoide.
  • Exames de sangue: embora os exames de sangue não sejam específicos para o diagnóstico do lúpus discoide, eles ajudam a verificar a presença de anticorpos que podem estar elevados em doenças autoimunes, como o lúpus sistêmico. Isso ajuda o médico a descartar outras condições e avaliar o estado imunológico do paciente.

O diagnóstico é essencial para diferenciar o lúpus discoide de outras condições dermatológicas, como psoríase e dermatite, que podem apresentar sintomas semelhantes.

Além disso, pacientes com lúpus discoide devem ser investigados para lúpus sistêmico. 

O que causa o Lúpus Discoide?

As causas exatas do lúpus discoide ainda não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que a doença seja desencadeada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos.

Pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes parecem ter maior predisposição. Além disso, a exposição ao sol é um fator conhecido que pode agravar as lesões cutâneas, já que a radiação ultravioleta pode ativar o sistema imunológico e desencadear uma resposta anormal contra as células da pele.

O estresse, o tabagismo e alguns medicamentos também são apontados como fatores que podem piorar os sintomas. Embora o lúpus discoide não seja uma doença contagiosa, é importante estar ciente dos fatores que podem desencadear crises e buscar evitá-los sempre que possível.

Quais são as opções de tratamento?

O tratamento para o lúpus discoide visa controlar os sintomas e prevenir novas lesões, e pode incluir medicamentos, cuidados com a pele e mudanças no estilo de vida.

  • Protetor solar: como a exposição ao sol agrava a doença, o uso diário de protetor solar com fator de proteção alto (FPS 30 ou superior) é essencial. Roupas de proteção, como chapéus e mangas longas, também são recomendadas.
  • Corticosteroides tópicos: cremes ou pomadas à base de corticosteroides podem ajudar a reduzir a inflamação e melhorar as lesões da pele. Em alguns casos, podem ser indicados esteroides injetáveis diretamente nas lesões.
  • Medicamentos antimaláricos: drogas antimaláricas, como a hidroxicloroquina, são frequentemente usadas para tratar o lúpus discoide. Esses medicamentos ajudam a controlar o sistema imunológico e reduzir as lesões cutâneas.
  • Imunossupressores: em casos mais graves, medicamentos imunossupressores, que ajudam a suprimir a resposta imune do organismo, podem ser prescritos. No entanto, esse tipo de tratamento requer acompanhamento médico rigoroso. Metotrexato, Ciclosporina, Corticosteroides orais são exemplos.
  • Terapias alternativas: em alguns casos, terapias complementares, como o uso de suplementos vitamínicos e cuidados com a alimentação, podem ajudar a melhorar a saúde da pele e fortalecer o sistema imunológico.

Qual a diferença entre Lúpus Discoide e Lúpus Sistêmico?

A principal diferença entre o lúpus discoide e o lúpus sistêmico está na extensão dos sintomas.

Enquanto o lúpus discoide afeta apenas a pele, o lúpus sistêmico (também conhecido como lúpus eritematoso sistêmico) é uma doença mais complexa e pode comprometer vários órgãos internos, como rins, coração, pulmões e articulações.

No lúpus sistêmico, o paciente pode apresentar sintomas como dor nas articulações, febre, fadiga, além das lesões cutâneas, incluindo as lesões discoides.

Outro ponto importante é que o lúpus discoide é geralmente uma condição mais leve e localizada, enquanto o lúpus sistêmico pode ser mais grave e requer um acompanhamento médico multidisciplinar.

Mesmo que o lúpus discoide raramente evolua para o lúpus sistêmico, é essencial que os pacientes estejam atentos a novos sintomas e mantenham um acompanhamento regular com o médico.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241