A artrite aguda por cristais de pirofosfato de cálcio, anteriormente denominada pseudogota, é uma das manifestações da doença por deposição de pirofosfato de cálcio, patologia com prevalência entre 5 e 10% da população, mais comum nos idosos.
Causas
Muitos casos são idiopáticos, entretanto, alguns fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da doença. São eles: envelhecimento (raro antes dos 55 anos), trauma articular prévio, cirurgia articular, hemocromatose, hiperparatireoidismo, hipomagnesemia, hipofosfatemia, etc.
Sintomas/manifestações clínicas
A maioria dos pacientes com deposição de cristais de pirofosfato de cálcio (DPFC) é assintomática. Entretanto, 4 tipos de apresentações são mais comumente vistos:
- DPFC assintomática: apresentação mais comum. É diagnosticado pelo achado ocasional de condrocalcinose (calcificação radiográfica na fibrocartilagem)
- Artrite aguda por cristais de pirofosfato de cálcio (antiga pseudogota): monoartrite ou oligoartrite aguda, sendo a causa mais comum de monoartrite em idosos. Locais mais acometidos são joelho, punho, ombro, tornozelo e cotovelo. Os ataques geralmente são agudos, rápidos, com dor importante, edema e rigidez.
- Osteoartrite com DPFC: É a forma mais comum. Cerca de 50% dos pacientes com DPFC evoluem com alterações degenerativas semelhantes a osteoartrite. Em metade desses pacientes, episódios de sinovite aguda podem se sobrepor. Acometimento preferencial de joelhos, punhos, metacarpofalangeanas, quadris, ombros e cotovelos.
- Artrite inflamatória crônica por cristais de pirofosfato de cálcio: Poliartrite crônica de pequenas e grandes articulações, não erosiva, semelhante à artrite reumatoide.
Diagnóstico
Um exame clínico especializado, associado à radiografia convencional geralmente são suficientes para dar o diagnóstico. Entretanto, a confirmação se dá com o achado de cristias de PFC no líquido sinovial, que se apresentando com forma rombóide e birrefringência positiva fraca.
Os achados habitual do RX é a calcificação de padrão linear ou pontilhado nas estruturas fibrocartilaginosas (menisco, sínfise púbica, ligamento triangular do punho) e na cartilagem hialina, paralela ao osso subcondral.
Exames laboratoriais
É comum na propedêutica de DPFC a realização de propedêutica laboratorial para pesquisa de causas ou fatores de risco.
Hemograma, provas inflamatórias, ácido úrico, fator reumatoide para diagnóstico diferencial. Após definição de DPFC: cálcio, fósforo, magnésio, fosfatase alcalina, ferritina, ferro sérico, índice de saturação de transferrina, TSH.
Tratamento
Não há tratamento que previna a deposição de cristais de PFC ou que dissolva os cristais.
Pode-se fazer uso de medicações sintomáticas como analgésicos, antiinflamatórios, corticoide em baixas doses e infiltrações intra-articulares, além do tratamento das patologias de base.
Diferença entre pseudogota e gota
Ambas doenças são artropatias inflamatórias, classificadas como artrites microcristalinas. A gota é causada pela deposição de cristais de monourato de sódio e a pseudogota acontece pela deposição de cristais de pirofosfato de cálcio.
CID: M 11.2; M 11.8
Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019
Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019
Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição
UpToDate 2021