A artrite reativa é uma doença inflamatória que afeta as articulações e surge como uma resposta do corpo a uma infecção em outra parte do organismo. Ela é chamada “reativa” porque ocorre como uma reação a uma infecção, geralmente no trato gastrointestinal ou no trato urinário. Seu código na Classificação Internacional de Doenças (CID) é M02.
A condição costuma ser temporária, mas pode causar desconforto significativo e, em alguns casos, levar a complicações crônicas se não tratada adequadamente. A artrite reativa é mais comum em adultos jovens, geralmente entre 20 e 40 anos, e afeta mais homens do que mulheres.
Essa condição faz parte de um grupo de doenças conhecido como espondiloartrites, que são doenças inflamatórias autoimunes que afetam principalmente as articulações e a coluna vertebral, como a espondiloartrite axial e a artrite psoriásica.
Embora a artrite reativa possa desaparecer após alguns meses, em alguns casos ela pode se tornar crônica, causando inflamação prolongada, rigidez e necessidade de tratamento regular.
Sintomas da Artrite Reativa
Os sintomas da artrite reativa geralmente se desenvolvem de uma a três semanas após a infecção inicial, que pode ser causada por bactérias como Chlamydia trachomatis (infecção urinária) ou Salmonella, Shigella e Campylobacter (infecções intestinais). Os sintomas podem variar em intensidade, mas os mais comuns incluem:
1. Dor e inchaço nas articulações
A característica principal da artrite reativa é a inflamação dolorosa nas articulações, principalmente nos joelhos, tornozelos e pés. O início geralmente é agudo e a dor pode ocorrer em uma ou mais articulações e geralmente é acompanhada de inchaço. Também pode haver entesite, principalmente no tendão do calcâneo (tendão de aquiles) e na fáscia plantar, além de dactilite (ou dedos em salsicha).
2. Dores nas costas
A artrite reativa pode causar inflamação na parte inferior da coluna vertebral e sacroilíacas, levando a dor nas costas ou no quadril.
3. Sintomas genitourinários
A manifestação mais comum é a uretrite, que se caracteriza por uma queimação ou ardor ao urinar, além de uma secreção mucoide. Por vezes, é possível notar edema e vermelhidão no canal da uretra.
4. Manifestações oculares
A conjuntivite é a manifestação ocular mais frequente, que pode causar vermelhidão, dor e sensibilidade à luz. Pode haver ainda esclerite, episclerite e uveíte, embora menos prevalentes.
5. Manifestações cutâneas
Algumas pessoas podem desenvolver erupções cutâneas, geralmente nas palmas das mãos ou nas solas dos pés. Essas erupções podem se assemelhar a pequenas bolhas ou manchas vermelhas e são chamadas de pustulose palmoplantar. Pode haver também balanite circinada, que é uma inflamação que afeta a glande (a cabeça do pênis) e, em alguns casos, o prepúcio (a pele que cobre a glande), comum na artrite reativa.
Diagnóstico da Artrite Reativa
O diagnóstico da artrite reativa pode ser desafiador porque seus sintomas podem se assemelhar a outras formas de artrite ou doenças autoimunes. Para confirmar o diagnóstico, os médicos geralmente seguem uma abordagem multifatorial, que inclui:
Histórico médico: O médico investigará se houve uma infecção recente, especialmente no trato urinário ou digestivo, antes do início dos sintomas nas articulações.
Exame físico: Durante o exame, o médico avaliará a presença de inchaço e sensibilidade nas articulações afetadas, além de verificar outros sintomas, como conjuntivite ou erupções cutâneas.
Exames de sangue: Os exames de sangue podem ajudar a identificar sinais de inflamação no corpo e a presença de infecções bacterianas. O teste para o gene HLA-B27 também pode ser realizado, pois ele está associado a um maior risco de desenvolver artrite reativa (pode estar presente em 60 a 80% dos casos). Sorologias virais, incluindo HIV também devem ser realizadas.
Exames de urina e fezes: Em alguns casos, amostras de urina ou fezes podem ser testadas para verificar se há sinais de infecção bacteriana que possam ter desencadeado a artrite.
Exames de imagem: Se houver suspeita de inflamação nas articulações ou na coluna vertebral, exames de imagem como radiografias podem ser solicitados para avaliar possíveis danos.
O diagnóstico da artrite reativa é feito com base nos sintomas, no histórico de infecção recente e na exclusão de outras causas de artrite.
Tratamentos para Artrite Reativa
O tratamento da artrite reativa visa controlar os sintomas e tratar a infecção subjacente, se ainda estiver presente. O plano de tratamento pode incluir:
1. Antibióticos
Se a infecção bacteriana que desencadeou a artrite reativa ainda estiver presente, o uso de antibióticos pode ser necessário. No entanto, é importante notar que os antibióticos não curam a artrite em si, mas tratam a infecção inicial que a causou.
2. Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs)
Anti-inflamatórios são frequentemente usados para reduzir a dor e a inflamação nas articulações. Esses medicamentos podem aliviar o desconforto e permitir que a pessoa mantenha suas atividades diárias com maior facilidade.
3. Corticosteroides
Em casos mais graves, os médicos podem injetar corticosteroides diretamente nas articulações inflamadas para reduzir a inflamação rapidamente. Corticosteroides orais também podem ser prescritos, mas são geralmente reservados para os casos mais resistentes.
4. Imunossupressores
Se a inflamação persistir por longos períodos, medicamentos imunossupressores, como a sulfassalazina ou o metotrexato, podem ser utilizados para controlar a resposta imunológica exagerada do corpo.
5. Fisioterapia
A fisioterapia pode ser extremamente útil para melhorar a mobilidade e a força muscular, além de prevenir a rigidez das articulações. Exercícios que promovem o alongamento e o fortalecimento podem ajudar a manter as articulações saudáveis.
Prevenção da Artrite Reativa
Embora não seja possível prevenir totalmente a artrite reativa, algumas medidas podem reduzir o risco de infecções que podem desencadeá-la:
Práticas de higiene alimentar: Lavar as mãos adequadamente e garantir que os alimentos estejam bem cozidos pode reduzir o risco de contrair infecções gastrointestinais causadas por bactérias como Salmonella e Campylobacter.
Prevenção de infecções sexualmente transmissíveis: A prática de sexo seguro, com o uso de preservativos, pode ajudar a evitar infecções urinárias e genitais, como a clamídia, que está associada à artrite reativa.
Tratar infecções rapidamente: Se você desenvolver uma infecção urinária ou intestinal, procurar tratamento imediato pode reduzir a probabilidade de complicações, como a artrite reativa.
Prognóstico
O prognóstico da artrite reativa é geralmente bom. Em muitos casos, os sintomas desaparecem por conta própria em um período de três a seis meses, especialmente quando a infecção inicial é tratada rapidamente. No entanto, em algumas pessoas, a condição pode se tornar crônica, causando inflamação e dor persistente nas articulações.
Cerca de 15% a 20% das pessoas podem experimentar episódios recorrentes de artrite reativa ao longo da vida, especialmente se tiverem o gene HLA-B27. Nesses casos, o tratamento contínuo pode ser necessário para controlar os sintomas e prevenir a progressão da doença.
Qualidade de vida
Com tratamento adequado, a maioria das pessoas com artrite reativa consegue manter uma boa qualidade de vida e retomar suas atividades normais. Manter o acompanhamento médico e seguir as recomendações terapêuticas são passos essenciais para controlar a doença e minimizar o impacto dos sintomas.