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Dra. Marcella Mello Reumatologista
Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Dermatomiosite: o que é, tipos e tratamentos

A dermatomiosite é uma doença autoimune rara que afeta principalmente a pele e os músculos, causando inflamação.

Uma doença é considerada autoimune quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo de infecções e doenças, passa a atacar tecidos saudáveis.

Na dermatomiosite, essa inflamação causa fraqueza muscular e lesões na pele, podendo impactar a capacidade de realizar atividades simples, como levantar os braços ou caminhar.

Além dos músculos e da pele, em alguns casos, a inflamação também pode afetar outros órgãos, como os pulmões e o coração, o que torna a doença potencialmente grave se não for tratada.

Essa condição pode se manifestar tanto em adultos quanto em crianças, e o diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para evitar complicações.

Quais são os tipos de Dermatomiosite?

Existem duas formas principais: a forma juvenil e a forma adulta, que diferem tanto nos sintomas quanto na progressão da doença.

1. Dermatomiosite Juvenil

  • A dermatomiosite juvenil afeta crianças, geralmente entre 5 e 15 anos.
  • A fraqueza muscular se instala progressivamente, e a criança pode ter dificuldade para correr, brincar e realizar tarefas simples, como levantar de uma cadeira ou subir escadas.
  • Uma característica específica da forma juvenil é o envolvimento de vasos sanguíneos, levando a uma complicação conhecida como vasculite (inflamação dos vasos). Isso pode resultar em lesões na pele e problemas gastrointestinais.
  • As lesões de pele incluem manchas vermelhas ou arroxeadas em áreas expostas ao sol, como o rosto e as mãos, além de um inchaço ao redor dos olhos, conhecido como rash heliotrópico.
  • Na forma juvenil, as calcificações (depósitos de cálcio nos músculos ou pele) são mais comuns e podem causar dor.

Saiba mais sobre doenças reumáticas juvenis no nosso artigo sobre Artrite Idiopática Juvenil.

2. Dermatomiosite Adulta

  • A forma adulta geralmente aparece entre os 40 e 60 anos e pode estar associada a doenças malignas (câncer), como câncer de pulmão, mama ou ovário. Por isso, a dermatomiosite em adultos requer uma investigação cuidadosa para descartar neoplasias.
  • Em adultos, além da fraqueza muscular e das lesões na pele, pode haver envolvimento pulmonar, levando à dificuldade para respirar.
  • A doença pode começar com sintomas de fadiga e dores musculares, antes mesmo da fraqueza mais evidente se instalar.
  • Em casos graves, a fraqueza muscular pode comprometer os músculos respiratórios, dificultando a respiração.

Principais sintomas da Dermatomiosite

A dermatomiosite é marcada por uma combinação de sinais cutâneos (na pele) e sintomas musculares, além de poder afetar outros órgãos em casos mais graves. A intensidade dos sintomas varia entre os pacientes, mas os mais comuns são:

1. Fraqueza muscular

A fraqueza é progressiva e afeta principalmente os músculos proximais, ou seja, aqueles próximos ao tronco, como:

  • Ombros e braços (dificuldade em levantar objetos ou pentear o cabelo)
  • Coxas e quadris (dificuldade para levantar da cadeira, subir escadas ou caminhar)

Essa fraqueza é geralmente simétrica, ou seja, afeta os dois lados do corpo, e pode piorar com o tempo se não tratada. Em casos avançados, os músculos respiratórios podem ser comprometidos, causando dificuldade para respirar.

2. Lesões cutâneas características

As manifestações cutâneas são um sinal marcante da dermatomiosite e incluem:

  • Rash heliotrópico: Manchas arroxeadas ao redor dos olhos, geralmente associadas a inchaço.
  • Pápulas de Gottron: Manchas vermelhas ou arroxeadas que aparecem sobre as articulações dos dedos, cotovelos e joelhos.
  • Eritema em áreas expostas ao sol: Manchas avermelhadas no pescoço, rosto, peito e costas (conhecido como “sinal do xale”).
  • Calcinose: Depósitos de cálcio sob a pele (mais comum em crianças), que podem formar nódulos e causar dor.

ilustração de sintomas de dermatomiosite

ilustração de sintomas de dermatomiosite

Fonte: Callen JP. Dermatomiosite. JAMA Dermatol. 2023;159(9):1016. doi:10.1001/jamadermatol.2023.1013

3. Dor e sensibilidade muscular

4. Fadiga e mal-estar

5. Comprometimento pulmonar

Em alguns casos, a dermatomiosite pode afetar os pulmões, causando:

  • Tosse seca e persistente
  • Dificuldade respiratória (dispneia) devido à inflamação dos músculos respiratórios ou à doença pulmonar intersticial.

6. Problemas cardíacos

Embora menos comum, a inflamação pode afetar o coração, causando:

  • Arritmias (batimentos cardíacos irregulares)
  • Miocardite (inflamação do músculo cardíaco)

7. Problemas gastrointestinais (mais comuns na forma juvenil)

Na dermatomiosite juvenil, podem ocorrer sintomas gastrointestinais, como:

  • Dor abdominal e náuseas
  • Sangramentos intestinais em casos de vasculite grave

8. Sensibilidade ao sol

Os pacientes podem apresentar fotossensibilidade, ou seja, piora das lesões cutâneas com a exposição ao sol. Por isso, o uso de protetor solar e roupas protetoras é essencial.

Sintomas adicionais na forma adulta e juvenil

  • Adultos: Podem ter associação com câncer (síndrome paraneoplásica), por isso é comum investigar neoplasias.
  • Crianças: A calcificação (acúmulo de cálcio) e a vasculite são mais comuns, exigindo maior vigilância para evitar complicações.

O que provoca a Dermatomiosite? Quais são as principais causas?

A causa exata da dermatomiosite ainda não é totalmente conhecida, mas fatores genéticos e ambientais parecem desempenhar um papel importante. Alguns dos fatores que podem estar envolvidos incluem:

  • Infecções virais e bacterianas: Infecções prévias por certos vírus ou bactérias podem desencadear a resposta imunológica desregulada.
  • Exposição ao sol: A exposição intensa e prolongada ao sol pode piorar ou precipitar as lesões de pele em pessoas predispostas.
  • Doenças malignas: Em alguns adultos, a dermatomiosite aparece como um sinal paraneoplásico, ou seja, associada à presença de câncer.
  • Uso de certos medicamentos: Alguns medicamentos, como as estatinas usadas para controlar o colesterol, podem desencadear sintomas semelhantes ao da dermatomiosite.

Como diagnosticar a Dermatomiosite?

O diagnóstico da dermatomiosite pode ser um desafio, já que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, existem alguns exames e critérios clínicos que ajudam a confirmar a doença. Veja abaixo os principais métodos diagnósticos:

  • Histórico clínico e exame físico: O médico avaliará a fraqueza muscular e as lesões características na pele, como o rash heliotrópico e as pápulas de Gottron (manchas vermelhas ou arroxeadas nos dedos).
  • Exames de sangue:
    • A dosagem de enzimas musculares, como CPK, e aldolase, pode indicar inflamação nos músculos.
    • Exames imunológicos podem identificar autoanticorpos relacionados à dermatomiosite.
  • Biópsia muscular: A biópsia analisa o tecido muscular e confirma a presença de inflamação típica da dermatomiosite
  • Exames de imagem: A ressonância magnética pode identificar áreas de inflamação nos músculos.
  • Eletroneuromiografia (EMG): Este exame avalia a função dos músculos e dos nervos para verificar sinais de comprometimento.

Além disso, é comum realizar uma investigação oncológica (como tomografia e exames de sangue) nos casos de dermatomiosite adulta, devido à possível associação com câncer.

Quais são os tratamentos para Dermatomiosite?

O tratamento da dermatomiosite envolve o controle da inflamação e a prevenção de complicações. Como é uma doença autoimune crônica, os pacientes geralmente precisam de acompanhamento contínuo com um reumatologista ou dermatologista.

1. Medicamentos

  • Corticosteroides: São os medicamentos mais utilizados no início do tratamento para reduzir a inflamação rapidamente. A prednisona é um exemplo comum.
  • Imunossupressores: Medicamentos como azatioprina e metotrexato ajudam a reduzir a resposta imunológica e são usados para manter a doença sob controle, especialmente em casos mais graves.
  • Imunoglobulina intravenosa (IGIV): Pode ser indicada para pacientes que não respondem bem aos imunossupressores.
  • Tratamento para câncer associado: Nos casos em que a dermatomiosite está relacionada a um câncer, o tratamento do tumor pode melhorar significativamente os sintomas.

2. Fisioterapia

A fisioterapia é essencial para ajudar os pacientes a recuperarem a força muscular e prevenir a atrofia. Exercícios supervisionados ajudam a manter a funcionalidade e melhorar a qualidade de vida.

3. Proteção solar

Devido à sensibilidade da pele, é importante que os pacientes com dermatomiosite usem filtro solar e roupas de proteção, evitando exposição excessiva ao sol.

4. Cuidados respiratórios

Em casos de envolvimento pulmonar, pode ser necessário o acompanhamento com um pneumologista para avaliar a capacidade respiratória e, em alguns casos, o uso de oxigênio suplementar.

Dermatomiosite tem cura? Pode matar?

A dermatomiosite não tem cura definitiva, mas muitos pacientes conseguem controlar os sintomas e ter uma vida normal com o tratamento adequado. A resposta ao tratamento pode variar: algumas pessoas entram em remissão, ou seja, ficam sem sintomas por longos períodos, enquanto outras precisam de tratamento contínuo para evitar crises.

Nos casos mais graves, principalmente quando há comprometimento pulmonar ou cardíaco, a doença pode ser potencialmente fatal. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações e melhorar o prognóstico.

Está enfrentando sintomas de dermatomiosite? Não deixe que o tempo agrave sua condição. Agende uma consulta e receba um diagnóstico preciso e um plano de tratamento personalizado.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso acerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241