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Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Artrite Reumatoide

A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória sistêmica, autoimune, crônica e progressiva.

Caracteriza-se primariamente pelo comprometimento da membrana sinovial (preferencialmente das articulações periféricas), podendo levar à destruição óssea e cartilaginosa.

Eventualmente, pode haver comprometimento de outros órgãos e sistemas, como pele, pulmões e olhos. Acomete mais mulheres entre 30 e 50 anos, mas pode aparecer em todas as faixas etárias. 

Causas

A AR é uma das doenças reumáticas mais comuns no mundo. A sua etiopatogênese é heterogênea, mas três fatores são fundamentais para desenvolvimento da doença; (1) quebra da tolerância imunológica; (2) fatores ambientais associados, principalmente o tabagismo e a interação com o microbioma; e (3) predisposição genética. De maneira resumida, ocorre ativação aberrante da resposta imune inata e adaptativa, o que resulta em hiperplasia sinovial e destruição óssea.

Fatores de risco

Sexo feminino, herança genética, tabagismo, agentes tóxicos como fumaça e sílica, doença periodontal, alterações na microbiota intestinal, infecções virais como Parvovírus, Epstein Barr e Citomegalovírus. 

Sintomas/manifestações clínicas

A doença instala-se de maneira insidiosa e progressiva na maioria dos casos. Entretanto, até 15-30% podem ter início agudo ou subagudo. 

Ocorre poliartrite de pequenas e grandes articulações (dor, edema, calor, limitação de movimentos), de caráter simétrico, aditivo, com piora dos sintomas no início da manhã e ao final do dia (dor inflamatória) e com rigidez matinal associada, superior a 60 minutos. 

O acometimento de punhos, metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais é comum. Ombros, quadris, coluna cervical, joelhos, pés e tornozelos também podem ser afetados. Com a cronificação do processo inflamatório, podem surgir deformidades típicas, como: desvio ulnar das metacarpofalangeanas e desvio radial dos punhos, dedos em pescoço de cisne ou dedo em casa de botão e mão reumatoide.

Em relação às manifestações extra articulares, é sabido que são mais frequentes nos pacientes com doença grave e poliarticular, com fator reumatoide positivo e com nódulos reumatoides.

Essas manifestações podem ser:

  • cutâneas (nódulos reumatoides, vasculite reumatoide);
  • oculares (ceratoconjuntivite seca, episclerite e esclerite);
  • respiratórias (pneumopatias intersticiais com fibrose pulmonar;
  • nódulos pulmonares ou derrames pleurais);
  • cardíacas (derrame pericárdico);
  • renais (glomerulonefrites, amiloidose);
  • hematológicas (citopenias);
  • neurológicas (mielopatia cervical, neuropatias compressivas periféricas);
  • osteometabólicas (osteoporose).

Artrite idiopática juvenil e doença de Still do adulto serão abordadas em um tópico a parte. 

Diagnóstico

Quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento, melhor será o curso da doença. Uma avaliação cuidadosa do reumatologista, associada ao quadro clínico, laboratorial e radiográfico compatíveis são suficientes para definição.

Nos exames laboratoriais, pode haver anemia, leucocitose, trombocitose, elevação de VHS e PCR. Os autoanticorpos mais encontrados na AR são o FATOR REUMATOIDE e o ANTI-CCP. Seus altos títulos estão relacionados a pior prognóstico e ao desenvolvimento de manifestações extra articulares. Entretanto, não é necessária a positividade dos mesmos para o que diagnóstico seja feito: 20 a 30% dos pacientes podem ser portadores de artrite reumatoide soronegativa. 

Na radiografia simples, é comum o achado de edema de partes moles, redução do espaço articular, erosões ósseas e osteopenia periarticular. As manifestações geralmente são simétricas. Ressonância magnética é o exame de imagem mais sensível, podendo detectar de maneira mais precoce as lesões ósseas e cartilaginosas, bem como o edema ósseo inicial.

Tem cura?

A artrite reumatoide é uma doença autoimune crônica, ou seja, não apresenta cura até o momento. Entretanto, com acompanhamento regular com reumatologista e o uso correto das medicações, é possível que o paciente alcance, em muitas das vezes, a remissão clínica da doença.

Tratamento

 O tratamento da AR deve incluir educação dos pacientes e familiares sobre a doença, bem como o uso de medicações específicas e terapias físicas, como fisioterapia e terapia ocupacional. 

O tratamento deve ser ajustado sempre que necessário, em reavaliações clínicas frequentes, com intervalos de 30 a 90 dias. A meta a ser alcançada é a remissão ou pelo menos a baixa atividade da doença.

A escolha do esquema terapêutico deve levar em consideração as recomendações baseadas em evidências científicas, dados de custo-efetividade e decisão compartilhada com o paciente. Corticóides, drogas reumáticas modificadoras de doença (DMARDs) e medicamentos imunobiológicos constituem a base do tratamento.

CID: M05; M05.3; M05.8; M05.9

Para mais detalhes, entre em contato pelo nosso e-mail ou telefone.

Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019

Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019

Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição

UpToDate 2021

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso a cerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241