Olá! Sou a Dr.ᵃ Marcela Mello, médica reumatologista em Belo Horizonte. Faço atendimentos presenciais na cidade e também online, para qualquer lugar do Brasil ou do mundo.
Hoje quero conversar sobre um tema que ainda é um tabu para muitos pacientes: atividade física e doenças reumatológicas.
Dor significa que devo parar?
A dor é a queixa mais comum entre os pacientes que chegam ao consultório. E, muitas vezes, o pensamento imediato é: “Se estou com dor, melhor evitar qualquer esforço.”
Mas esse raciocínio, embora pareça lógico, não se aplica à maioria das doenças reumatológicas. Vamos entender melhor?
Fibromialgia: exercício é parte do tratamento
A fibromialgia é uma condição marcada por dores crônicas e difusas, que podem ser realmente incapacitantes. Em muitos casos, o paciente sente dificuldade até para realizar tarefas simples do dia a dia — imagine, então, manter uma rotina de atividade física!
Ainda assim, o principal tratamento da fibromialgia envolve atividade física regular, especialmente:
- Exercícios aeróbicos
- Fortalecimento muscular
- Alongamento
Isso porque o exercício ajuda a regular neurotransmissores que, na fibromialgia, estão desregulados e contribuem para a intensificação da dor.
Ou seja: sem atividade física, não conseguimos alcançar melhora duradoura.
Artrose: fortalecer é preservar
A artrose (ou osteoartrite) é caracterizada pelo desgaste das articulações, especialmente com o envelhecimento. Ela causa dor crônica e rigidez e, em casos graves, pode até levar à perda de mobilidade.
O melhor caminho para quem tem artrose envolve dois pilares:
- Manter um peso adequado (especialmente para quem está acima do peso)
- Praticar exercícios de fortalecimento regularmente
Esses cuidados ajudam a preservar o que ainda resta da articulação, previnem a piora do quadro e podem adiar (ou evitar) a necessidade de procedimentos cirúrgicos.
Doenças autoimunes também pedem movimento
Nas doenças autoimunes, o exercício também é um grande aliado.
Um exemplo é a espondilite anquilosante, hoje chamada de espondiloartrite axial.
É comum ouvir de pacientes:
“Acordo muito travado, com dor… mas quando volto da academia, me sinto bem melhor.”
E é isso mesmo! Exercícios como musculação, natação e bicicleta são altamente recomendados — o importante é encontrar o que você gosta e manter a constância.
O mesmo vale para outras doenças como:
Todas se beneficiam com a atividade física regular e uma alimentação equilibrada. Em alguns casos, será necessário o acompanhamento de um profissional para orientar os melhores exercícios, mas a regra geral é clara: doença reumatológica não é sinônimo de sedentarismo.
E nos momentos de crise?
É claro que, em períodos de crise ou inflamação aguda, pode ser necessário dar uma pausa e iniciar um processo de reabilitação com fisioterapia.
Mas essa pausa é temporária — o objetivo é sempre retomar a prática de exercícios assim que possível.
Conclusão
Mesmo que a dor esteja presente, a atividade física faz parte do tratamento de muitas doenças reumatológicas.
Ela não só ajuda no controle da dor, como melhora a qualidade de vida e a resposta ao tratamento.
Cuide do seu corpo com movimento, e sempre com orientação adequada.