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Marcella Mello - Doctoralia.com.br

Quem tem Lúpus pode engravidar? Entenda os possíveis riscos

Quem tem lúpus pode ter filhos? Essa é uma dúvida comum entre muitas mulheres diagnosticadas com essa doença autoimune, que afeta principalmente o público feminino.

O lúpus é uma condição complexa que pode comprometer vários órgãos e sistemas do corpo, e, por isso, levanta preocupações sobre a possibilidade de uma gravidez segura.

Embora existam riscos aumentados de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê, com o acompanhamento médico adequado e alguns cuidados essenciais, muitas mulheres com lúpus conseguem engravidar e ter uma gestação saudável.

Além disso, é fundamental ajustar o tratamento durante esse período, já que alguns medicamentos utilizados no controle da doença não são recomendados durante a gravidez e a amamentação.

Neste artigo, exploramos os principais cuidados a serem tomados por mulheres com lúpus que desejam engravidar, os riscos potenciais e as orientações médicas para garantir uma gravidez segura e tranquila.

Riscos e complicações

As principais complicações em mulheres com lúpus durante a gravidez incluem:

Aborto espontâneo: especialmente se o lúpus está ativo ou se a paciente tem anticorpos antifosfolípides positivos, que são autoanticorpos específicos também associados à síndrome antifosfolípide.

Parto prematuro: pode ocorrer devido à atividade da doença, inflamação ou complicações como a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia.

Pré-eclâmpsia: é uma condição caracterizada por pressão alta e danos aos órgãos, como os rins. Mulheres com lúpus têm um risco mais elevado de desenvolver essa condição.

Restrição de crescimento intrauterino (CIUR): o lúpus pode afetar o fluxo sanguíneo para a placenta, levando a um crescimento mais lento do bebê.

Exacerbação do lúpus: a atividade da doença pode aumentar durante ou após a gravidez. Por isso, é essencial o controle contínuo e o acompanhamento com o reumatologista. 

Planejamento da gravidez

Para minimizar os riscos, é recomendado que a paciente espere até que o lúpus esteja estável por pelo menos seis meses antes de tentar engravidar.

O acompanhamento regular e o uso correto dos medicamentos também é essencial para a gestação evoluir sem maiores complicações. 

As avaliações pré-concepção devem incluir:

Avaliação da Função Renal e rastreio de outros órgãos possivelmente acometidos pela doença: importante para detectar a nefrite lúpica, que pode se agravar na gravidez, além de piorar a evolução da gestação. A doença em atividade aumenta os riscos.

Testes de Anticorpos Antifosfolípides (APL): esses anticorpos estão associados a abortos repetitivos e complicações na gravidez, e precisam ser monitorados.

Revisão de medicações: algumas medicações comuns para o lúpus, como o metotrexato e a ciclofosfamida, são contraindicadas na gravidez e devem ser ajustadas antes da concepção.

Cuidados da paciente com lúpus durante a gestação

Durante a gestação, a comunicação com a equipe médica deve ser contínua.

As medicações precisam ser ajustadas para manter a doença sob controle sem prejudicar o desenvolvimento do bebê. A hidroxicloroquina, por exemplo, é segura e frequentemente utilizada.

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) devem ser evitados após o primeiro trimestre, e a aspirina de baixa dose pode ser indicada para reduzir o risco de pré-eclâmpsia nas pacientes.

Exames e monitoramento

Os exames e o monitoramento frequente são essenciais para garantir que tanto a mãe quanto o bebê estejam saudáveis.

A gestante com lúpus deve fazer acompanhamento em um pré-natal de alto risco, ou seja, com profissionais experientes no manejo deste perfil de pacientes. 

Os principais exames incluem:

Exames de sangue: para avaliar a função renal, hepática, possíveis alterações sanguíneas e os níveis de anticorpos.

Ultrassonografias de crescimento fetal: realizadas regularmente para monitorar o desenvolvimento do bebê.

Avaliação cardíaca fetal: especialmente importante se a mãe tiver anticorpos anti-Ro/SSA, que podem afetar o coração do feto.

Avaliação da pressão arterial e urina: para monitorar sinais de pré-eclâmpsia.

Parto e cuidados pós-parto

A decisão sobre o tipo de parto deve ser feita em conjunto com a equipe médica, considerando as condições clínicas da paciente e o estado do bebê.

Partos vaginais são preferidos, mas a cesariana pode ser necessária se houver complicações. Após o nascimento, o risco de exacerbação do lúpus aumenta, exigindo monitoramento rigoroso e ajuste das medicações para prevenir surtos da doença.

Perguntas frequentes sobre Lúpus e gravidez

O lúpus afeta meu bebê?

Em alguns casos, os anticorpos podem atravessar a placenta e afetar o bebê, mas a maioria dos bebês nasce saudável. Mães com anti-RO/SSA positivos devem fazer avaliação cardíaca fetal, pelo risco de problemas cardíacos no bebê.

Posso amamentar com lúpus?

Sim, muitas mulheres podem amamentar, mas é importante discutir as medicações com o médico, pois algumas podem passar para o leite materno.

Meu lúpus pode piorar após a gravidez?

Sim, há um risco aumentado de surtos pós-parto, por isso o acompanhamento médico contínuo é essencial.

Avanços médicos recentes

Novas pesquisas estão explorando tratamentos mais seguros e eficazes para mulheres com lúpus durante a gravidez.

Terapias biológicas, como belimumabe, estão sendo estudadas para seu uso na gestação, oferecendo esperança de um melhor controle da doença com menos riscos.

Estudos também indicam que a hidroxicloroquina pode reduzir o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê, reforçando a importância de manter esta medicação durante a gestação.

Recursos e referências

Para suporte adicional, pacientes podem buscar informações em sites especializados, como a Sociedade Brasileira de Reumatologia e a Lupus Foundation of America.

Grupos de apoio e consultas com reumatologistas e obstetras especializados em gestação de alto risco podem proporcionar suporte emocional e orientações práticas durante toda a jornada.

Se você tem lúpus e está pensando em engravidar, é fundamental conversar com um reumatologista. Caso ainda não tenha um médico de confiança, marque uma consulta presencial ou online comigo! Juntas, vamos garantir que sua gestação seja segura e saudável, oferecendo todo o suporte e cuidado necessários.

Dra. Marcella Mello
Dra. Marcella Mello
Sou médica reumatologista, com residência médica pela Santa Casa de Belo Horizonte e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Meu objetivo é trazer conteúdo relevante e preciso a cerca da Reumatologia. Meu compromisso é com seu entendimento sobre o assunto de uma forma leve e clara. CRM: 71401-MG RQE Nº: 50241